18/08/2010

O Miúdo que Pregava Pregos Numa Tábua - Manuel Alegre

Logo no início da leitura apercebemo-nos que há a tentativa de escrever um livro, de encontrar as palavras certas, de procurar algo significativo que seja digno de ser escrito. Talvez uma procura de si próprio.Isto faz com que autor volte à sua infância. Uma infância que foi, ou talvez não foi ou ainda é, a infância daquele que escreve.
O certo, é que “o miúdo que pedalava no carro de quatro rodas não consegue pedalar nas palavras. Por mais que os seus dedos procurem não encontra a música perdida.”Mas descobre ritmos e formas de escrita antes da própria escrita porque no fundo a vida é um livro.Entre o recordar da infância (quem sabe se a do próprio autor) e a juventude, o ritmo perde-se quando se recorda angustias, medos e injustiças.Nas últimas frases, Alegre faz referência à Pide mais concretamente à Prisão de S. Paulo em Luanda onde foi severamente interrogado.
Este é um livro de escrita diferente, por vezes, quase que nos apela ao nonsense, tornando-se ao mesmo tempo poético e bastante filosófico.

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