Não restam dúvidas de que o passado cristão tem muito de que se envergonhar. O abuso por parte dos que detinham o poder na igreja foi grande e sem limites. Magoando e matando, em nome Daquele que nada teve a ver com tamanhas atrocidades.
A História é-nos contada, através da personagem principal - Sara de Leão que se encontra num calaboiço em Évora, acusada de práticas judaizantes.
Sara conta-nos a história da sua família judaica em terras portuguesas. Uma família que assistiu ao sofrimento/morte dos seus pares e tentou vingar na vida engolindo o orgulho, os seus sonhos e submetendo-se àqueles que se julgavam melhores do que os Judeus: os Cristãos.
"Isabel Álvares foi rapidamente despojada das suas vestes, ficando com uma camisa grande e umas ceroulas compridas (...) Submetida a um trato corrido e logo depois a um trato esperto, com as articulações desfeitas, todo o seu ser se foi rebaixando ao efeito interminável das dores. "Senhor, fiz tudo o que foi dito pelas testemunhas. Sou culpada" , confessou por fim.
Esgotada, a mulher caíra no chão, tomada por uma espécie de agitado torpor. Amarfanhada a um canto, toda ela termia (...)
De seguida, sem mais delongas, mandou o carrasco aplicar-lhe o suplício da água "Fiz tudo o que dizem que fiz" repetiu duas vezes, numa voz sumida (...)
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O inquisidor:
"Como é que eu poderei mostrar-te compaixão, se não abres a tua alma à redenção?"
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"e tapando-lhe o rosto com um pano, despejaram-lhe por um funil vários púcaros de água na boca. Eu acompanhava a respiração daquela mulher como que ensurdecida pelo ruído de uma cascata, sentindo-me também sufocar nas águas profundas."
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Esta é uma leitura excelente, uma leitura obrigatória!
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(comentário também publicado no ...viajar pela leitura...)
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