29/09/2011

Chireto, Miguel Almeida

Opinião:
Eis um livro que tem como objectivo a partilha e convívio entre pais e filhos.

Não é um livro para crianças nem um livro para os adultos; é um livro que exige interacção entre pais e filhos, ou seja, uma espécie de leitura em família, permitindo assim momentos de reflexão e aprendizagem mútua. Mais do que isso, pode ser o ponto de partida para reforçar os importantes laços que se criam a quando das leituras.

Chireto é constituído por sete histórias, uma para cada dia da semana. Porém não se trata de simples histórias de entreter; são histórias que levam a criança a reflectir e ir um pouco mais além – filosofar…a intenção será mesmo esta, levar a criança aos meandros da filosofia, note-se que dentro dos seus limites de criança, mas já antevendo um mundo infinito de interrogações. Aqui nota-se uma forte influência da formação do autor nesta área.

Nestas histórias, o personagem Chireto é uma criança que questiona incessantemente, levando por vezes o adulto ao extremo das explicações. Assim, a criança que ouve aprende com o menino do livro.

.Miguel Almeida correu o risco de tornar a leitura menos atractiva do que um vulgar livro de histórias infantis; mas é um risco assumido: não se trata apenas de divertir as crianças, mas de as encaminhar, lado a lado com o adulto, para o mundo das ideias, do raciocínio, da reflexão; numa palavra, da filosofia. A leitura é apenas o ponto de partida para um diálogo “socrático” entre a criança e o adulto, (em que o livro é o elo de ligação) e as ideias como guias do raciocínio e do diálogo.

Sendo um livro com objectivos didácticos bem claros, não deixa de ser também muito atractivo em termos de imagem: a capa é muito bonita, assim como as ilustrações. No entanto, deve ficar bem claro que o livro se destina a crianças a partir dos 11 anos. E, na minha opinião, não deve criar-se na criança a ideia de que se trata de um livro para divertir mas sim para aprender, para desenvolver o raciocínio, numa palavra, para crescer.

É um livro que pode e deve ser trabalhado nas escolas, explorado na sala de aula, onde se poderá dissecar todas as questões e intenções de Chireto.

1 comentários:

Ângelo Marques disse...

este vou ter que mirar numa livraria perto de mim...
:D