Opinião:
“O Dia em que Matei o Meu Pai” é uma narrativa (como o próprio nome indica) de como foi a acção de matar um pai. A história é contada na primeira pessoa. Um relato impregnado de mensagens, significados e muitas vezes falsas pistas que nos levam por caminhos “estranhos” do pensamento para mais tarde percebermos que é apenas o personagem/autor a “brincar” com o leitor.
Uma história magnificamente bem escrita, cujo personagem tem uma caracterização bem sólida que nos leva à constante reflexão sobre os acontecimentos narrados.
Quando iniciei a leitura, estava convencida que seria uma leitura rápida (uma semana no máximo), mas levei o dobro do tempo não somente a ler, mas principalmente a digerir/saborear as informações implícitas na história, a carga psicológica que envolve o livro é grande. Mário Sabino diz que “Matar é simples, o difícil é saber porque matamos” e é à volta desta questão que se desenvolve toda a trama desta obra.
O permanente jogo que o autor faz com o leitor leva à confusão das ideias, daí as necessárias pausas para reflectir e elaborar uma nova lógica para aquilo que se está a ler… a grande questão é mesmo esta – o autor quer gerar o caos na lógica do leitor…
O final do livro, ou melhor a ante penúltima frase, deixa-nos atónitos, levando-nos mais uma vez a rever os pensamentos, acções do personagem. Um livro que quando fechado (após a leitura) não pode ser guardado na estante, pois permanece durante muito tempo na nossa memória… e a releitura de algumas partes torna-se necessária.
"Mário Sabino não veio para confortar. Com coragem, com malícia, com graça, ele prefere perturbar, desmontando tudo aquilo que a nossa inteligência concebeu na frustrada tentativa de dar um pouco de ordem e sentido à realidade"
Mario Sabino nasceu em São Paulo, em 1962. Actualmente é editor executivo da revista Veja. O dia em que matei o meu pai é o seu primeiro romance.
(comentário também publicado no blogue viajar pela leitura)
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