Matteo Perdeu o Emprego
de Gonçalo M. Tavares
Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 216
Editor: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04290-3
Coleção: MARCA D'ÁGUA
Idioma: Português
Um livro com duas partes bem distintas. Gonçalo M. Tavares cria na primeira parte do livro uma vasta gama de personagens que se encadeiam umas nas outras de uma forma engenhosa, nesta parte (o tipo de livro e estilo bem como as muitas, muitíssimas, imagens) o leitor é conduzido para uma leitura vertiginosa muito rápida tal a curtíssima sequência das personagens e das suas histórias. Nesta parte (para quem conhece a obra) Tavares parece inclinar a estrutura do livro para a sua obra o "Bairro".
A segunda parte do livro o posfácio contém as notas que o autor retira do seu próprio livro aqui semelhança com obras do "Reino" é notória. Tavares obriga o leitor a uma leitura atenta, cuidadosa, isto se este quiser tirar partido daquilo que o escritor está a oferecer. Pormenores deliciosos da vida quotidiana rolam pelas páginas num sequência aleatória mas agradável. Nesta parte mais elaborada, mais densa, Tavares tenta "explicar" a primeira parte.
Parece um Tavares do "Bairro" a justificar-se com o "Reino".
Pormenores deliciosos como:
...Horowitz fazia o que os homens importantes fizeram e fazem, apontava.
Ou
...Glasser o que carrega a bateria (bateria de camião que suportava a sua vida ligada ao coração). No fundo somos todos Glasser basta o corte de uma ligação para morrermos. Talvez Glasser tenha, sobre todos os outras personagens, uma vantagem. Ele sabe exactamente qual e a sua ligação essencial.
O livro gira em torno de rotundas, vidas, o círculo maior ou menor que pode ou não ser completado, podendo entrar novos elementos para esse mesmo círculo. Até uma rotunda quadrada nos é oferecida, bonito pormenor.
Um livro cheio de imagens onde as suas 210 páginas são reduzidas praticamente para metade (as muitas imagens e a quebra das histórias reduzem o número paginas em muito), mesmo assim um livro bem pensado..
Realmente um livro intrigante de histórias desconexas, a ligação é meramente entre as personagens, que giram umas entre outras num livro pensador cheiinho de pequenas coisas para nos fazer repensar pormenores da vida, onde a história é dissimulada nesses pensamentos.
3 comentários:
"Tavares obriga o leitor a uma leitura atenta, cuidadosa, isto se este quiser tirar partido daquilo que o escritor está a oferecer."
Não li este livro, mas os que li deu para perceber que cada palavra tem que ser lida com a máxima atenção, por isso comporto plenamente com a sua afirmação.
Ele e António Lobo Antunes são os meus autores vivos preferidos.
Pelo menos, é original. E acho que vou mesmo voltar a ler GMT :)
Tiago,
Inegável dois excelentes autores. Um "nobel" (ALA) e outro que o poderá ser (GMT).
Manuel,
Foi uma entrada pela porta mediana de G.M.T. na Porto Editora (Matteo perdeu o emprego)comparando com a saída da Editorial Caminho (uma viagem à Índia), mesmo assim um bom livro.
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