19/09/2012

O Duelo de Anton Tchékhov


O Duelo
de Anton Tchékhov
Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 128
Editor: Relógio D` Água
ISBN: 9789896412258
Coleção: Clássicos



"Eram oito da manhã - a hora em que normalmente os oficiais, os funcionários e os veraneantes de fora, depois de uma noite de calor e abafo, faziam o seu banho de mar antes de irem ao pavilhão tomar chá ou café. Ivan Andréitch Laéski , de vinte e oito anos, loiro, magro, de chinelas e boné do ministério das finanças, chegou à praia e, entre os muitos conhecidos que lá estavam, encontrou o seu amigo Samóilenko, médico militar."

Toda a narrativa se passa no Cáucaso numa pequena cidade onde, de interessante, nada se passa. Uma cidade onde os seus habitantes tentam passar o tempo e esquecer a vida que levam de uma forma muito estranha, uma forma muito própria, a vida e a forma como ela é vivida não passa tudo de uma visão muito restrita do autor do livro, Anton Pávlovitch Tchéckhov. 
Um funcionário estatal e a sua pseudo-esposa (Laévski e Nadejda). Um médico e cozinheiro militar (Samóilenko). Um zoólogo (von Karen). Mais um padre e um policia e assim estão reunidas as principais personagens para um grande livro no qual terá o desfecho num duelo entre duas destas personagens anteriormente apresentadas. 
O duelo surge muito desconectado da história, parece um momento "flash"... e de repente... um duelo, que irá terminar tão rápido como surgiu.

Ao ler este livro, ao folhear cada página, sentia-me entrar num estado meio "zonzo", ficava absorvido pela narrativa, uma leitura fácil mas que me pareceu não ser minha, não ser do leitor, tal a forma como as personagens são descritas por outras personagens, Anton Tchékhov, vai alternando a narrativa por várias personagens que expõem o seu ponto de vista sobre as restantes personagens. Um viver os outros na pele de outros... como leitores temos o privilégio de estar num patamar superior ao das personagens e com isso conseguimos visualizar mais longe, mesmo assim sentimos na pele os mesmos sentimentos da personagem, e isto é culpa do autor.  
O radicalismo ou extremismo de certas personagens e o seu contraste com a flexibilidade e  afabilidade de outras sobre a mesma personagem é sem dúvida uma mais-valia deste livro, notando-se no autor uma experiencia de vida muito relevante e colocada ao serviço da literatura.
Um livro de que gostei uma única ressalva para a "complexidade" dos nomes das personagens, por vezes parecia estar perdido em tanto nome, sobrenome ou diminutivo, problema deste leitor eu sei mas esta também é a minha opinião.



2 comentários:

Sílvia Mota Lopes disse...

Já li é muito bom Ângelo:)
um beijinho para a Iara

Ângelo Marques disse...

Olá Sílvia,
Sem dúvida um bom livro, mas como normalmente não dou muita atenção aos nomes das personagens (na verdade normalmente são bem mais simples) fiquei um pouco baralhado no início um constante "back page", mas sem importância.
Muito bem escrito.