02/06/2014

As Pessoas Felizes Lêem e Bebem Café, de Agnès Martin-Lugand (opinião)



Opinião
Não me acontece muitas vezes identificar-me com a capa e o titulo de um livro, como aconteceu com este, porque adoro ler e beber café, dois prazeres que não prescindo.
Ao lermos a sinopse deste livro temos a percepção de que se trata de uma história sobre um assunto muito delicado, a perda de ente queridos. Diane, uma mulher feliz, casada com uma filha, tem um trabalho que gosta, é dona de um café literário em plena Paris, de repente o seu mundo desmorona-se, perde quem mais ama, e pensamos em como a nossa vida se pode desfazer em mil pedaços de um momento para o outro, num espaço de minutos.
É o que acontece a Diane, quando o marido e a filha morrem num acidente de automóvel, a sua vontade de viver acaba.
E, é comovente o seu sofrimento, é impossível ficar indiferente a Diane, que mergulha numa dor atroz, fica num estado de total letargia, não reage, sobrevive como se estivesse na corda bamba, faz o luto há sua maneira, desinteressando-se da vida, vive um dia de cada vez, ou por outra não vive, sobrevive graças à ajuda de um amigo e sócio, Félix, que está sempre presente na sua vida.
Passado um ano Diane resolve abandonar a casa onde vive e tentar apaziguar a sua dor numa pequena localidade na Irlanda, longe de tudo e de todos, onde fuma e bebe muito.
Tudo isto faz-nos reflectir que a vida não é nada, que num ápice se pode perder aqueles que mais se ama, é fácil identificar-nos com Diane, tomar as suas dores.
A autora faz-nos reflectir sobre a dor avassaladora da perda insuperável das duas pessoas mais importantes na vida da protagonista, é inevitável que nos perguntemos, como se sobrevive? Como se aceita a morte de alguém que nos é tirada de repente sem estarmos há espera? Como se volta a viver?
Será que Diane consegue despertar deste torpor que a consome? passados alguns meses, algo que lhe acontece na Irlanda, dá-lhe forças para parar o luto e voltar para abrir o seu café literário que tanto gosta, algo ou alguém a faz acordar de novo para a vida, recomeçar de novo, e às vezes basta um pequeno empurrão, alguém, ou um pequeno clique para isso acontecer.
A autora deixa entre várias, a mensagem de que a vida dá-nos segundas oportunidades, que não se deve desperdiçar, e  que somos mais fortes e aguentamos mais do que imaginamos.
É sem dúvida um livro tocante que me comoveu, porque mexe com sentimentos muito profundos, mas são de livros destes que eu gosto, que me abanem, uma história que prende, apesar de o desfecho para a personagem não ser aquele que eu gostaria que tivesse sido, mas nem sempre tudo tem que acabar como nós idealizamos, mas quiçá haverá continuação...
Agora imagine no meio de Paris um café literário com o nome - "As pessoas felizes lêem e bebem café",  onde os livros são uma presença, é o sonho de qualquer pessoa que adora ler como eu, e foi giro durante a narrativa a personagem estar a ler e mencionar livros de autores nossos conhecidos.
Pessoalmente gostei muito do livro.

Impõe-se a pergunta que nos faz reflectir: E você, o que faz você feliz? Já pensou.


2 comentários:

Rosana Maia disse...

Olá :)

Confesso que quando vi o título do livro não liguei muito, mas ao ver a sinopse e a tua opinião, fiquei a pensar que talvez deva voltar a olhar para ele e, agora com outros olhos. :)
Boas viagens

Rosana
http://bloguinhasparadise.blogspot.pt/

Odete Silva disse...

Olá,
Todos somos diferentes sem dúvida :))) a mim atraiu-me a capa e o titulo, que por sinal engana, pois a única referencia aos livros é mesmo o café literário e a personagem levar livros na bagagem, mas que lê muito pouco,é um livro sobre um tema delicado, eu gostei muito como disse na minha opinião.