26/04/2015

O Pijama da Gata, de Pat R



Opinião:
Obrigada Pat por ter enviado o seu livro O Pijama da Gata, uma leitura que foi uma  agradável surpresa, uma narrativa que envolve logo nas primeiras páginas.
Os protagonistas Jonah e Crystal Philips, ambos ligados ao mundo artístico, conhecem-se na cidade do amor, das luzes, Paris, uma cidade que quero muito conhecer, por isso esta narrativa começou no melhor ambiente possível.
Jonah vai assistir juntamente com a sua namorada à peça Cat’s Pajamas, da qual a actriz Crystal faz parte e fica arrebatado pela sua beleza, quando retorna a Nova Iorque, Jonah que tem uma relação estável com Sarah, vê-se a pensar constantemente na actriz, mas o que era uma mera admiração torna-se aos poucos algo obsessivo, o que faz com que ele a comece a assediar para se conhecerem melhor. Acabam por se envolver e ter um relacionamento onde impera a paixão e a atracão física, acaba mesmo por se tornar numa relação muito complexa, em algo possessivo.
Crystal gosta de música e vai colocando vinis no seu gira discos a tocar, o jazz faz parte do reportório, é normalmente a música de pano de fundo, onde cria o ambiente certo para as suas  divagações, os seus delírios, tornando esta personagem tão enigmática e difícil de perceber.
Já Jonah vê-se numa situação em que os seus conflitos internos o fazem reflectir e pensar o quão errada é esta relação, mas é algo tão fora de controle dele que assim que pensa em Crystal esquece tudo.
É fácil ficarmos presos com o enredo criado em volta destes personagens, com a sua relação algo conturbada, mas com os quais não cheguei a criar empatia, acabei por gostar mais de Sarah uma personagem madura, com os pés assentes na terra.
Trata-se de uma história de amor doentio, que nos faz reflectir e perguntar - Pode uma relação sobreviver a uma atracção física arrebatadora? A uma paixão que consome e não se consegue ver mais nada, a não ser o lado carnal? Dificilmente, mas é algo que pode acontecer a qualquer um.
Tal como no teatro a vida é uma ilusão, como Charles Chaplin disse – “A vida é uma peça de teatro que não nos permite ensaios”, nem sempre controlamos os nossos sentimentos. E esta relação mostra bem o declínio dos personagens à medida que avançam nela, torna-se doentia, por vezes tinha vontade de abanar os personagens para que mudassem a sua atitude, a sua maneira de agir, o que quer dizer que a autora conseguiu-me tocar.
Gostei da escrita da autora, é directa, fluída, gostei do enredo sobre a complexidade das relações humanas, é uma narrativa intensa, onde somos arrastados por uma panóplia de sentimentos, como a paixão, a obsessão, a solidão, a insegurança. Um livro que recomendo. Espero que continue a escrever.

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