26/10/2015

Vai e Põe uma Sentinela, de Harper Lee (opinião)



Opinião:
A polémica que se instalou-se em torno desta obra - Vai e Põe uma Sentinela, e que deixou muitas pessoas com curiosidade, não me aconteceu nesse sentido, a minha curiosidade estava unicamente em ler a história que a autora escreveu antes do livro Por Favor não Matem a Cotovia.
Para quem o leu não podia haver melhor noticia do que a publicação deste manuscrito, é impossível não gostar do livro num todo, quer da história, quer da mensagem que passa, quer das personagens, em especial de Atticus, que acho que conseguiu marcar todos aqueles que o leram: “Integridade, humor e paciência eram três palavras que definiam Atticus Finch”.
Em relação a Vai e Põe uma Sentinela, foi muito bom recordar estes personagens, apreciá-los vinte anos mais velhos, Jean Louise Finch (Scout), vive em Nova Iorque, volta à sua cidade no Alabama, onde poucas coisas mudaram como por exemplo o preconceito e o racismo, a discriminação racial faz com que o país continue dividido entre brancos e negros.
Excerto: "Em Montgomery, a estação aninhava-se numa curva do rio Alabama, e, ao sair do comboio para esticar as pernas, o regresso do que lhe era familiar, com a sua monotonia, a luz, e os odores curiosos, veio ao seu encontro"
Mais uma vez com mestria a autora leva-nos aos anos cinquenta de uma forma completamente envolvente, através do olhar de Jean Louise Finch (Scout) “aquela menina que brilhava pela sua simplicidade e beleza interior”, encontra o pai bastante debilitado, mas o seu raciocínio o seu sentido de humor continua bem patente, assim como a cumplicidade entre ambos.
No que toca ao Condado de Maycomb, as pessoas, a cidade tudo continua igual, conservadores, isto perante os seus olhos que conheceram outros horizonte, pode ser um choque para si, pois aquilo que lhe parecia certo em criança, deixou de lhe parecer em adulta, e vai descobrir certas coisas que não estava à espera e que a vão chocar, desiludir. Talvez já lá estivessem quando era criança, mas não as viu na sua inocência, mas agora cresceu, mudou e por isso vai sofrer a maior desilusão da sua vida. Mas as suas convicções levam-na a enfrentar mesmo que sofra as consequências dos seus actos, não tivesse sido ela criada com integridade e verdade, a agir sempre da forma mais correcta e corajosa.
Somos de novo enredados pela escrita da autora e envolvidos por estas personagens únicas, quer com os seus diálogos pautados de sentido de humor, que me fizeram dar umas gargalhadas, quer por outro lado quando me fizeram reflectir, pois muitas vezes podemos nos enganar, ao criar juízos de valores errados sobre as outras pessoas, quando estamos unicamente fixados em ver o que queremos e não o que está por detrás das motivações de certas decisões e atitudes.
Excerto: "Um homem pode fazer parte de algo aparentemente não tão bom, mas não o julgues a não ser que conheças os seus motivos".
Gostei muito, foi muito bom voltar a ler outro livro desta autora, voltar a sentir a essência dos personagens pelos quais continuo a ter a mesma empatia, não queria que o livro terminasse, uma leitura maravilhosa. Recomendo sem dúvida.

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