25/01/2016

De Amor e Sangue, de Lesley Pearse (opinião)



Opinião:
Lesley Pearse conquistou-me já há alguns anos, com as suas histórias em que normalmente retratam mulheres fortes, corajosas, sofredoras, que encobrem segredos sobre o seu passado. Se fosse pelas capas talvez não tivesse lido os seus livros, enganam, porque na essência são narrativas bem construídas.
De Amor e de Sangue não foge à regra, tem como protagonista a jovem Hope, nascida no meio aristocrático, mas de uma relação extra conjugal, em segredo acaba por ser criada como filha no seio de uma família pobre que mal tem para sustentar os muitos filhos que lhe enchem a casa. E como é habitual nos seus livros assistimos ao desenvolvimento e crescimento desta personagem feminina cuja a vida será moldada pelo percurso e traumas que a vida lhe vai apresentando.
Tendo como cenário Inglaterra no século XIX, assistimos às discrepâncias existentes entre pobres e ricos, as diferenças sociais eram bem visíveis, enquanto os ricos viviam na opulência, mesmo ao lado os pobres viviam miseravelmente sem conseguirem dar de comer aos muitos filhos que tinham, e foi nesse meio que Hope foi criada.
E é em torno da vida desta personagem feminina Hope por quem facilmente criamos empatia, que a autora desenvolve um enredo pejado de aventuras e desventuras, Hope vai sofrer com as amarguras da vida, mas também pelas que lhe são infligidas, vão obriga-la a despertar para a vida, sofrendo na pele, muitas vezes para não prejudicar os que ama. Também quero realçar outra personagem feminina que gostei muito, a Nell, pela atitude e postura que teve ao longo da vida perante Hope.
Somos levados também à frente de batalha da Guerra da Crimeia, ao cerco a Sebastopol, que causou a morte a tantos soldados, quer nas trincheiras, quer pelas doenças que grassavam na época e para as quais não havia tratamentos. Claro que esta parte da guerra foi a que gostei mais de ler.
É fácil viajar com esta autora através das descrições dos cenários de época, dos personagens cativantes, e embarcar num livro que apesar das suas seiscentas e muitas páginas se lê num ápice, através da escrita fluída da autora que tem o dom de nos envolver com enredos emocionantes, cheios de reviravoltas que nos prendem do inicio ao fim. Muito bom, recomendo.

(Lido em 2015)

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