AS LÁGRIMAS DE AQUILES
Págs.: 296
PVP: 16,00€
Só quem viveu a Guerra a
pode descrever assim, como um tiro certeiro, que magoa e deixa marca. como
nesta obra a meio caminho entre a ficção e a realidade. As Lágrimas de Aquiles,
uma obra a meio caminho entre a realidade e a ficção, é um daqueles livros que
se vão revelando à medida que passamos as páginas, um romance marcante sobre
amores que vencem lutas armadas, tempo e distância, dores, traumas, sofrimento.
A carta de suicídio
transcrita nas primeiras páginas deste livro como que prepara o leitor para o
que aí vem. A linguagem é crua, sem subterfúgios, dando a cada momento a força
certa.
Na intimidade daqueles
pequenos espaços que nos resguardavam do perigo éramos todos da mesma condição.
Nada nos distinguia. Porque era comum aos oficiais, sargentos e soldados o
terror, o medo e a presunção da morte. (pág. 102)
Baseado nas experiências
do autor na Guerra do Ultramar, As Lágrimas de Aquiles ficciona não apenas
sobre o amor, a saudade ou a guerra mas também sobre as escolhas que determinam
a nossa vida.
A Guerra Colonial tinha
acabado há mais de 20 anos quando o ex-alferes Nuno Sarmento decide voltar à
Guiné, numa busca do seu passado perdido. Nas matas onde viu morrer e foi
morrendo, onde se faziam emboscadas e ataques, encontra apenas o desgosto e as lembranças
mais dolorosas de uma guerra sem causa clara, em que parece que se perdeu mais
do que se ganhou.
Ninguém tem saudades da
guerra. Mas não gostaria de morrer sem voltar aqui, onde deixei perdidos dois
anos da minha juventude. (…) Acho que devemos voltar sempre aos lugares que um
dia foram nossos, mesmo que o tenham sido pelas piores razões. (pág. 109)
Apenas um jovem estudante
da Universidade de Coimbra quando tinha sido chamado às fileiras, deixara em
Portugal a esperança de um futuro melhor e um amor à espera. Ao voltar do
Ultramar, o amor já não esperava e ele próprio já não era o mesmo. Só tinha
encontrado esquecimento, desilusão e a insistente dúvida sobre se tudo teria
valido a pena.
A guerra tinha acabado,
era certo; mas, dentro dele, não existiam tréguas.
A guerra é uma
barbaridade, seguramente a mais inútil das tragédias, mas é também um acto
único. É uma espécie de jogo de sorte e de azar; um jogo em que se está e de
repente não se está. Entre a vida e a morte passa um fio de nada, um sopro
ligeiro, um assobio breve, ás vezes tão breve como o instante de um beijo
secreto á despedida. Tudo se cumpre no exacto limite dos sentimentos, nas
fronteiras precisas do medo e da coragem. (pág. 123)
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