O subtítulo da obra dá o tom e encarrega-se de, por si só, nos prenunciar uma magnífica leitura de férias. É um livro divertido, muito bem-humorado, repleto de peripécias que envolvem o leitor numa alucinada viagem desde Inglaterra às profundezas do Afeganistão.
O primeiro grande mérito deste livro é a leveza da história, que não nos exige grande reflexão. A leitura é fácil e fluida, ideal para fazer descansar as células cinzentas.
Henri Flashman é um aluno falhado, um boémio que acaba expulso da escola por embriaguez. Aldrabão filho de aldrabão, desde cedo se habitua a enganar tudo e todos. O seu lema é fingir sempre. Fingir mas também enganar, roubar e fugir. Aliás, a grande especialidade de Flashman, como distinto militar, é fugir cobardemente em qualquer situação de perigo mas, graças a uma sorte extraordinária e a uma habilidade saloia, acaba sempre por ser bafejado pela sorte, de tal maneira que se torna o maior dos heróis do exército inglês.
Inicialmente, ele é apresentado como o anti-herói. Ele é capaz de cometer actos tão abomináveis como esvaziar o revólver do adversário de um duelo ou envolver-se com a própria amante do pai. Mas, à medida que se torna um herói da guerra, ele vai-se tornando, na mente do leitor, um verdadeiro herói, de tal maneira somos levados a “torcer” por ele nas encrencas em que se envolve. Ele é o maior dos aldrabões, mas é um aldrabão divertido e optimista. Um aldrabão feliz.
Em suma, trata-se de um livro que nos encanta pelo aspecto juvenil, leve e despretensioso de um grande romance de aventuras. No entanto, também nos ajuda a compreender melhor os meandros desse grande império inglês que, em pleno século XIX dominava boa parte do mundo. Neste caso, trata-se da Índia, ou melhor, do império asiático que os ingleses tentavam estender desde a Índia até ao profundo e enigmático Afeganistão.
Uma excelente tradução e uma capa apelativa e muito bem conseguida, completam o ramalhete de um magnífico entretenimento para férias.
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