21/09/2010

A Vida Verdadeira de Vasco Luís Curado

Foi e aqui não o posso negar Maria do Rosário Pedreira que me levou a querer ler este livro o seu primeiro na "sua" nova editora. Escolheu ela, ou talvez não, Vasco Luís Curado, para iniciar mais uma, e espero, fabulosa viagem no mundo da edição.
Um homem, uma casa, uma quinta é o início para este livro. A chegada dos agentes imobiliários, ela a Gabriela, para visitarem a casa coincidem com as memórias de Vergílio, dono da casa, dono da quinta, quinta que foi engolida pela cidade, algo de menos bom, esta quinta plantada num imenso mar de indesejos.
A evolução das defesas na protecção da quinta com o evoluir dos tempos desde as defesas naturais até as mais evolutivas construções elaboradas pelos homens.
O tio Horácio, ex-combatente em África, a sua virilidade os seus traumas a seu exagerado apoio e protecção ao seu sobrinho. O professor Emanuel e a sua falta de sensibilidade, ou antes pelo contrário a sua extrema sensibilidade, levam-no a ser uma nulidade como professor, histórias
rocambolescas para exageros das personagens são uma constante, como exemplo foi pedido ao professor Emanuel (uma editora cientifica) que escrevesse um prefácio para um livro com 200 páginas, após alguma demora o professore entrega na editora um prefácio inacabado de 300 páginas.
Um livro recheado de capítulos muito bons como "As letras" ou "O sonhador" contrasta com outros menos conseguidos, será assim a vida verdadeira. Um início um pouco fastidioso sem um rumo definido, personagens cinzentas num oceano poluído e sem cor. O autor encaminha o leitor nas suas primazias de desmantelar até ao ínfimo pormenor as coisas simples, e é este ponto que o livro tem um valor acrescentado saído do marasmo que o envolveu. No fim chega a ser um livro interessante para aqueles que viveram com mais intensidade a guerra de ultramar, talvez, se revele muito mais interessante.
Bem não foi um mau início nesta nova viagem da Maria do Rosário Pedreira.
Recomendo que acompanhe este livro com um vinho da quinta cortes de cima, um chaminé 2007, um vinho com notas de frutos vermelhos, bem equilibrado e no ponto para ser bebido/degustado.

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