21/10/2010

A Queda dos Gigantes - Ken Follett

Ken Follett apresenta-nos um romance histórico que relata um determinado período, nomeadamente a I Grande Guerra, devidamente enquadrada nos anos que a precedem (desde 1911) e os anos que se seguiram (até 1925). Os factos são relatados com grande pormenor e exactidão e, ao que me pareceu, pouco deve ter escapado ao estudo de Ken Follett, tamanhas são as descrições, os planos, as estratégias antes da guerra, durante a guerra e pós guerra. O leitor deve estar a pensar “bem, ela não gostou do que leu”. Não! Pelo contrário, adorei e aprendi imenso. Quero apenas deixar claro que ao pegar neste livro, o leitor vai encontrar essencialmente informações sobre a I Guerra Mundial. Este, se não me engano, também foi o principal objectivo de Follett, daí que o nome da trilogia seja “O Século”. Faz todo o sentido a informação histórica que aqui encontramos. Agora, todas as personagens que compõem a narrativa são marcantes. Quase todas têm um papel fundamental no desenrolar da história, não esqueçamos que é neste período 1911/1925 que se dá grandes transformações e evoluções a vários níveis nos países mais poderosos da Europa da altura: França, Inglaterra, Alemanha, Império Austro-Húngaro e Rússia. Pois, os EUA já se destacavam destes pela sua economia que era cada vez mais próspera. Inúmeros personagens são apresentados, várias famílias interagem, no entanto 5 famílias sobressaem e têm um papel fundamental na obra.
O romance tem o seu início com a apresentação da família Williams, uma família galesa que vive do trabalho nas minas. Billy o filho mais novo inicia-se no trabalho das minas com apenas 13 anos, um trabalho duro, perigoso e pouco saudável. A família Williams representa toda a sociedade que depende das minhas de carvão para a sua sobrevivência. Onde a pobreza permanece e a fé é uma constante. A fé e a esperança são a mola mestre da vida destas gentes.Nesta família há que salientar o papel de Billy enquanto ser religioso. Pois, a determinada altura apercebe-se da incoerência das pessoas crentes. Crêem, têm fé, cumprem os mandamentos de Deus e na prática agem de diferente forma. Desiludido com os seus, abandona a Igreja para não mais voltar. Através de Maud (irmã do conde Fitz) e Ethel, Ken Follet mostra-nos os primeiros passos de lutam que as mulheres deram para alcançarem alguns direitos que eram privilégios somente dos homens, tais como, o direito ao voto e um salário digno do trabalho que desempenham.
Maud, é uma verdadeira lufada de ar fresco nesta obra, ela representa as feministas que aparecem nesta data. Apesar de pertencer a uma família conservadora, ela é uma lutadora pelos direitos das mulheres, luta pelos seus objectivos e ideias, mesmo que isto escandalize a sociedade e a sua própria família.Ethel Williams que no início da obra é uma simples empregada, amante do conde, é uma das personagens que tem uma tremenda evolução no decorrer da narrativa. Ela e Maud fundam um jornal no qual publicam toda a informação que o governo quer esconder. Fitz, um dos personagens principais da história, é um conde conservador, possuidor de riqueza e título, no entanto reconhece nada ter feito que justifique tudo o que tem. Casado com Bea, de origem russa, também ela conservadora da sua cultura. As personagens alemãs a destacar são Otto Ulrich e Walter Ulrich. Otto é diplomata, conservador, intransigente à mudança, seu filho Walter é um jovem progressista que se apaixona por Maud (inglesa sufragista). Toda a Rússia é-nos apresentada através de Grigori e Lev. Uma Rússia decadente, onde o povo odeia o seu Czar e por conseguinte a nobreza e o clero.Grigori e Lev, enquanto crianças, assistem à morte do seu pai em terras da princesa Bea. Mais tarde, é também apresentada mais uma família russa, mas esta prospera em terras de riqueza, nomeadamente os EUA. O país do sonho, do trabalho, da fartura…Ken Follet, cria assim uma teia perspicaz entre os seus personagens. Com o crescente interesse pelo petróleo do México, começam a dar-se os primeiros indícios da guerra.
Inglaterra compra petróleo ao México para substituir o carvão que tanto utiliza. No entanto, a Alemanha também manifesta grande interesse pela mesma fonte de energia e vende armas ao México para a comprar. Assim, dão-se os primeiros desentendimentos entre EUA e Alemanha. Em todo o romance conseguimos perceber que o início da guerra e o seu fim depende dos desejos e interesses pessoais daqueles que detêm o poder. Um exemplo deste facto é o próprio conde Fitz que vê a guerra como uma necessidade para se sentir útil, para justificar o que tem, nem que isto represente a morte de milhares de vidas. Por sua vez, Otto defende que a Alemanha jamais deverá ceder à paz, porque se assim fosse a morte dos seus soldados teria sido em vão.
Quem está no terreno (os soldados), a partir de determinada altura já não entende os objectivos da sua luta. Sente fome, frio, desalento, abandono e solidão.A solidão é tanta que os inimigos interagem entre si. Jogam à bola em pleno terreno de guerra, fazem-se amizades, falam nas famílias, na saudade. Mas no fim da noite, cada grupo volta ao terreno, para as suas trincheiras. O fim da guerra é anunciado com o repicar dos sinos (não podia deixar de ser) em Londres. A guerra terminou, mas muito há a fazer… Ken Follet, nas suas últimas páginas dá-nos uma pista para o seu segundo volume da trilogia “…a revolução em Munique acabou (…) apanharam o líder. É Adolfo Hitler.”
. Este é um romance hisórico excelente, recomendo a quem ama o género!
(Comentário também publicado no ...viajar pela leitura...)

1 comentários:

Diana Barbosa disse...

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