Orlando é uma obra extraordinária de Virgínia
Woolf. Extraordinária porque o personagem principal – Orlando – é imortal e
sendo imortal avança no tempo dando-nos conta das mudanças que houve entre os
sécs. XVI e XX. Mudanças a nível de natureza, da literatura e
inevitavelmente da própria sociedade.
O mais interessante é que as visões que são
abordadas são do ponto de vista masculino e feminino, pois a certa altura
Orlando dorme e transforma-se em mulher - Lady Orlando. Esta mudança de sexo é
vista com a maior das naturalidades, tanto por ele como por quem o rodeia.
Lady Orlando tem a força e a coragem de um
homem e a graça e a sensualidade de uma mulher. Orlando, reflecte sobre o seu
novo “eu”, sobre a sua nova condição e aqui há toda uma reflexão sobre a
condição da mulher na sociedade.
No início, Orlando é um jovem fidalgo que vive
os seus amores e desamores intensamente, incluindo o seu amor pela literatura.
Este último, visto como um mal do qual muita gente da sua hierarquia se livrou
para ter tempo de correr, cavalgar, divertir-se.
A leitura era vista como uma doença que
atingindo o seu auge levava à escrita – uma desgraça para um fidalgo!
Com o avançar do tempo, Orlando vai vivendo
várias vidas, várias épocas: o rapaz poeta; o cortesão; o embaixador; a cigana;
a grande dama; a eremita; a profeta das letras… até que no fim da narrativa Lady
Orlando reflecte “estou farta deste “eu” preciso de outro” e continua a perdurar
no tempo após 350 anos. A história termina no ano de 1923 com Orlando a reclamar
um novo eu…
Esta é uma excelente leitura em que há um apelo
constante à reflexão no que diz respeito às diferentes épocas abordadas.
A referência à literatura é uma constante! É de
salientar que o livro de Orlando – O Carvalho – acompanha-o durante os
diferentes séculos. Sendo numa época um fracasso, alvo de crítica destrutiva e
detentor de sucesso sem igual numa outra época.
Excelente!
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