24/09/2012

“As luzes nas casas dos outros” de Chiara Gamberale

Opinião:
Achei  este livro muito original, bem construido, com uma  história engraçada e comovente. Não acho que tenha uma escrita muito fluida, portanto,  estive mais concentrada na sua leitura, mas foi uma mais valia para apreciar esta narrativa.

Conhecemos uma menina chamada Mandorla, filha de Maria que gere o condomínio do prédio onde vivem, as reuniões são sempre especiais pois a sua boa disposição é única, consegue sorrir de tudo, como está mencionado na sinopse  chegam a  ser“sessões de terapia de grupo”. Com a sua visão sobre o mundo e as pessoas e muita imaginação, conseguiu convencer a filha que o pai é um astronauta.

Mas, Maria morre de repente num acidente, deixando Mandorla sozinha com os moradores da Rua Grotta Perfetta, 315, pois não tem família, os mesmos descobrem uma carta onde Maria menciona que o pai da menina mora no prédio, isso vai  colocar em xeque cada família, pois um dos moradores será o pai de Mandorla, mas o caricato no meio disto tudo é que resolvem que não querem fazer o teste de ADN, e  sim, em conjunto assumir e educar Mandorla, portanto ela vai passar uma temporada com cada familia. São cinco no total, Mandorla vai viver entre o 1º e o 5º andar do prédio, e claro “as luzes nas casas dos outros também escondem segredos”. A sua mãe não era a única a guardá-los, no fundo todos o fazem.

Sendo um livro que é narrado pela protagonista Mandorla, vamos acompanhando ao longo dos anos o seu crescimento e os seus pensamentos com todas as suas dúvidas que  persistem em tentar saber quem será o seu pai. E se de facto ela está assim tão interessada ou  se acomodou à situação, será que quer saber mesmo a verdade? No fundo ela é obcecada por esse mistério.  É interessante acompanhar o seu dia a dia e como ela se liga a cada família e se adapta aos seus costumes. Sentindo o que outros miúdos sentem, mas com agravante que não tem alguém que a aconselhe diariamente, para se vestir por exemplo, ela só queria ser igual aos outros da sua idade,  fazer amigos, ser normal,  ter um pai e uma mãe, e não cinco familias como era obrigada a ter.

Bem escrito, com personagens que nos fazem reflectir, ficamos  absorvidos na sua leitura até ao fim. Achei que apesar de ser uma história insólita  é cativante pela sua originalidade. Gostei muito. 

Nota: Adorei a carta que Maria deixou à filha. Menciona os desejos que tem para com a menina, como menciona muitas vezes, excerto: “Queria queria queria... Que gostasses de dançar...Que discutíssemos só para percebermos que somos mesmo importantes uma para a outra...Queria queria queria..."

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