Existem livros que quando
terminamos a sua leitura precisamos de digerir o que acabamos de ler, este foi
um deles. Fiquei profundamente comovida.
Quando li a sinopse pensei “pronto vou fartar-me de chorar”, mas
foi realmente o oposto, eu sorri a ler este livro, pois trata-se de um hino à vida, esperança, alegria, optimismo, sem
dúvida alguma.
Que grande lição
tiramos ao ler esta narrativa maravilhosa. Não pensem que vamos ler sobre o
sofrimento humano no holocausto, não se trata disso, vamos ler sobre como deve
ser vivida a vida apesar de todas as suas vissicitudes , amarguras e tragédias.
Alice Herz-Sommer com
109 anos é a mais antiga sobrevivente do Holocausto, além de pianista e dar
concertos também se destacou como professora, com um talento fora do comum, foi a música que a salvou a ela e ao filho do campo de
concentração onde estiveram prisioneiros.
Alice nasceu em Praga
em 1903 numa familia de judeus intelectuais e músicos, teve uma infância
privilegiada conheceu e conviveu ainda em menina com figuras fascinantes e
mundialmente conhecidas, como Franz Kafka, Max Brod, Stefan Zweig, Thomas Mann,
Sigmund Freud e muitos outros, que a influenciaram para o resto da vida.
Alice chamava de Tio Franz ao escritor, lembra-se dele como uma “eterna criança”, pois brincava com ela e
a irmã.
Em 1943, Alice com o
seu marido, o filho e a mãe, foram deportados para o campo de concentração de
Theresienstadt. Mas o marido, a mãe e alguns
amigos foram levados para o campo de Auschwitz, nas mãos dos nazistas já não sairam de lá com
vida.
Alice como pianista
ficou neste campo de concentração, assim como muitos outros artistas
prisioneiros de Hitler, para darem concentros e fazerem peças de teatro, mostrando
ao mundo que não era assim tão mau estarem em campos de concentração, era a mensagem que os nazis queriam deixar passar e enganar o mundo exterior. E
foi exactamente o facto de Alice ser uma pianista que lhe salvou a vida e a do seu filho, era o único campo de concentração
que permitia que os filhos ficassem com as mães. Sofreram muito devido a terem fome e
frio, além de verem outros com doenças, a serem torturados e mortos.
Dos 156.000 judeus
prisioneiros em Terezín só 17.500 sobreviveu.
Excerto: “O amor de uma mãe pelo filho é sua única
fortaleza contra o mundo, aconteça o que acontecer”, “Eu inventava histórias o
tempo todo, não deixava o meu filho sentir medo nem inquietação. As lágrimas
não tinham lugar no campo, o riso era o nosso único remédio.”
Depois da guerra Alice
e o seu filho Rafi foram viver para Israel, onde foi ensinar música de novo, não voltou a dar concertos, mas continuou
sempre a tocar em casa, na presença de
Leonard Bernstein, Isaac Stern, Rubinstein Arthur e Golda Meir, por
exemplo.
“Recusou-se a falar com
quem quer que fosse sobre o periodo que foi prisioneira no campo de
concentração,” não queira que o filho Rafi ouvisse, “não queria que alguém
tivesse pena de mim”, por isso manteve-se calada sobre o seu passado.
O filho seguiu a
carreira de violoncelista em Londres. Mais tarde Alice mudou-se para perto do
filho e dos netos. Mas iria ter mais um desgosto na sua vida quando o filho com
65 anos morreu de repente.
Mas nada a demoveu de
continuar a fazer a sua vida normal, frequentou a unversidade 3 vezes na semana até
aos 104 anos. Alice teve uma vida difícil, mas nunca perdeu o otimismo nem a
vontade de viver.
Vive sózinha num apartamento
onde começa cada dia praticando Bach e Beethoven, onde é adorada pelos vizinhos. Recusa-se a viver com amargura pelas
tragédias que lhe bateram à porta. Alice diz: “ rir é uma coisa linda." Sobre a velhice:“Não
é assim tão mau”, “em vez de escarafunchar nos problemas, porque não olhar para
aquilo que a vida nos oferece? Cada dia é um presente. Belo.”
Continua a receber visitas de muitos amigos que fez ao longo da vida.
Continua a receber visitas de muitos amigos que fez ao longo da vida.
Esta obra conta-nos
a história de uma pessoa única, inteligente e invulgar com um optimismo perante
a vida sem precedentes. Não sente amargura pelo que lhe fizeram. Tem uma
capacidade em reconhecer humanidade em todas as pessoas até nos inimigos.
Simplesmente adorei
este livro de memórias, aconselho a todos que o leiam, pois quando o fecharem
vão sentir-se diferentes e encarar a vida de outra maneira. Recomendo sem
reservas.
"Estou sozinha, mas não solitária, porque minha vida é rica com a música. A Música salvou-me a vida."
"Está
sempre aberta à novidade: a um novo pensamento, uma nova ideia, um novo
livro, novas pessoas. A sua curiosidade é insaciável”
Adora
falar com todo o género de pessoas diz:“que está interessada em conhecer o que de melhor tem cada individuo.”
"Só quando estamos velhos, vamos perceber a beleza da vida - a vida é
um presente".
"Cada
dia é um milagre. Por pior que sejam as minhas circunstâncias, tenho a liberdade de escolher a minha atitude
para com a vida", até de encontrar a alegria. O mal não é novo. Cabe-nos a
nós a forma como lidamos com o bem e o mal. Ninguém nos pode retirar esse poder.
"
“Sou
mais rica do que as pessoas ricas do mundo, porque sou música” “ Quando toco
Bach estou no céu.”
“Quanto
mais leio, penso e falo com pessoas, mais me apercebo de como sou feliz.”
“Quando
morrer terei uma sensação boa. Terei
dado o meu melhor. Acredito que vivi a vida de forma justa.”
Pode ver o livro aqui
2 comentários:
Odete, adorei a opinião :D
parece-me que mesmo sendo mais optimista, vou fartar-me de chorar... mas ao menos é um chorar bom! :D óptima opinião, Odete!
Adorei a opinião!!! Quero muito ler o livro, não conhecia mas já passou a estar na minha lista por está opinião! Obrigada Odete ;)
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