23/01/2013

As Filhas do Assassino de Randy Susan Meyers



Opinião:
No fim do livro a autora escreve o seguinte: «oxalá esta história fosse um romance de ficção e não um romance realista. Durante dez anos trabalhei com homens que como o pai de Merry e Lulu destruiram as suas famílias – homens que não eram monstros, mas que cometeram atrocidades.»

Na véspera do décimo aniversário de Lulu, o pai transforma-lhes a vida num pesadelo

Um livro que é narrado por ambas as personagens, as irmãs Lulu e Merry. Conta-nos a história de uma família destruída pela tragédia.

Quando o pai lhes bate à porta de casa, apesar dos avisos da mãe para não o deixar entrar, Lulu não resiste, e abre-lhe a porta, de imediato o pai começa agredir e acaba por lhes matar a mãe, também esfaqueia  Merry de apenas 5 anos, ficando com cicatrizes no peito para o resto da vida, mas não são essas as mais importantes, são as que ele lhes deixa no coração, traumas que nunca mais vão passar, ficando assim ambas marcadas com a dor e a perda da sua mãe e da tragédia que se abateu sobre ambas as irmãs. Vão ter de sobreviver apoiadas uma na outra já que após a morte das avós, mais ninguém as acolhe, aprendendo da pior maneira como a vida lá fora é dura e cruel quando vão para uma casa de acolhimento.

Tendo ambas personalidades muito distintas cada uma tenta lidar à sua maneira com este drama,  o facto do pai ter assassinado a sua mãe, e apesar da mesma não estar isenta de culpas, pois era uma mãe “despreocupada”,  nada justifica tal acto.
Lulu sente-se culpada porque deixou o pai entrar em casa, tem necessidade de proteger a irmã mais nova em todas as situações. Não quer ver nunca mais o pai, quer esquecer que ele existe. E consegue seguir com as sua vida para frente, formando-se, e tornando-se bem sucedida na sua profissão e na sua vida pessoal. Tendo sempre lacunas, mas isso é impossível não as ter depois de tudo o que passaram na vida. Aquilo que Lulu mais quer é que o pai nunca mais sai da prisão, que morra lá.
Merry é o oposto da irmã é inconstante em tudo o que faz, até nos relacionamentos que tem com os homens, sempre instável, talvez porque nunca conseguiu desligar-se do pai visitando-o na prisão, e mantendo sempre o contacto por meio de cartas. Sofre com tudo isso. O pai ao contrário do acto cruel que praticou, demonstra interesse pelas filhas.

Fiquei envolvida neste drama familiar,  muito sofrimento da parte das irmãs, senti uma ligação com as personagens ao ponto de pensar o que faria se estivesse no seu lugar, será que perdoava ou não o pai que lhes destruiu a vida? A narrativa está dividida em três partes desde a infância até à idade madura quando ambas já tem mais de 30 e mais de 40 anos. E demonstra a enorme capacidade de resistência que um ser humano tem para enfrentar tragédias é muito maior do aquela que julgamos ter. 
Um livro muito bom, cativante, envolvente, comovente, surpreendente, perturbador, (podia colocar mais adjectivos), uma história muito  intensa, emocionante, feita de muita mágoa e de dor, mas também de resistência. Gostei muito, recomendo.



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