Opinião:
Sveva Casati, um dos
nomes mais populares da actual ficção italiana. O primeiro romance que li da
autora foi “Baunilha e Chocolate” e o segundo foi “A Viela da Duquesa” ( o meu
preferido porque a narrativa passa-se no século xx), mas como já li todos
os livros publicados e embora uns sejam melhores que outros, estava com alguma expectativa e bastante curiosa
em relação a este livro, pelo facto deste ser um dos seus primeiros romances,
queria saber como é que ela se tinha iniciado no mundo da escrita. E devo dizer
que não fiquei nada decepcionada, pois as suas páginas levaram-me a ter umas
boas horas de leitura descontraída.
A autora tem uma
maneira muito própria de escrever e narrar uma história, envolve-nos sempre com
os protagonistas que nos apresenta, e de uma forma ou de outra acabamos por criar
mais afinidade por alguns personagens, quer principais ou secundários do que por outros. Neste
livro conhecemos Bruno Brian di Monreale, o Barão, descendente de uma família
nobre siciliana e de um pai americano, e conhecemos a jovem Karin Venier uma mulher bonita e inteligente que lutou
para ter o actual emprego de prestigio como secretária de um advogado.
A acção deste romance
vai decorrer em vários países ou seja por Itália, pelos Alpes,
França e África.
Enquanto Bruno teve uma
vida facilitada a nível monetário, onde sempre teve tudo, apesar de ter um pai severo
que o queria educar a todo o custo na cultura Americana, foram sempre as raízes
sicilianas que falaram mais forte, pois Bruno sempre se identificou mais com a família da mãe, em especial com o avô e com o padrinho Calò, figuras de
referencia e exemplos que seguiu desde criança, mas Bruno demonstrou cedo que
apesar de rico é também um homem inteligente, perspicaz, com visão para o
negócio não ficando de braços cruzados, muito jovem envolveu-se nos negócios do
petróleo e viaja até um pequeno país chamado Burwhana, situado na África. Tendo
assim começado o seu sucesso no mundo da alta finança internacional. E criando
também laços afectivos nesse país.
Por outro lado a sua
vida amorosa é algo conturbada, em que não se encontra realizado, apesar dos
casos que teve, ainda não encontrou a mulher certa.
Já Karin esconde um
passado sofrido, por isso se tornou tão reservada, não se aproximando muitos
dos homens, mas é precisamente isso que vai atrair Bruno.
Neste livro não podiam
faltar os habituais “saltos temporais” e as várias visões da mesma história, que
tanto gosto e aprecio nos livros da autora, pois viajamos pelo passado e
pelas histórias dos familiares dos protagonistas e ficamos a conhecer e o que aconteceu na infância de Bruno, como era a sua mãe Annalisa, o pai, o avô e o padrinho, e também sobre a infância e adolescência atribulada de Karin, a história de sua mãe, como foi educada e com quem, são capítulos que vão sendo intercalados ao longo do livro e
que torna a sua narrativa mais rica na minha opinião.
Mas só assim podemos
entender os personagens principais percebendo que ambos tiveram uma infância e adolescência marcadas por traumas que os obrigaram a crescer, com segredos no passado de ambos que vão sendo
desvendados ao longo do livro.
Achei que autora podia
ter aprofundado mais o relacionamento entre Bruno, o Barão e Karin. Gostei em
particular de Calò o padrinho de Bruno uma
personagem misteriosa e enigmática e da sua envolvência na família, sendo ele o
pilar de Barão, educando-o, acompanhando-o e protegendo-o sempre até aos dias
actuais, uma companhia da qual Bruno não prescinde.
Em suma trata-se de mais
um bom romance de Sveva que vai agradar aos seus fãs, pois já nos habituou às
suas histórias tão peculiares e ao seu estilo de escrita que hoje em dia já
domina e no qual se sai tão bem, levando-nos com a sua
habitual habilidade para o interior da vida de famílias no presente e
desvendando ao mesmo tempo o seu passado. Uma leitura bastante agradável que
recomendo.
Pode ver o livro O Barão aqui
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