Opinião:
“Anjos na Neve”é daqueles
policiais que começamos a ler e ficamos agarrados às suas páginas sem vontade de colocar de lado.
Um crime violento é cometido
na Finlândia, um pais mergulhado na escuridão, onde o sol raramente é avistado,
o Inverno pode durar 180 dias, com temperaturas tão baixas que chegam aos -30
ºC, a noite pode prolongar durante 24h, os habitantes isolam-se, são
enfadonhos, as pessoas não mostram seus sentimentos, os profissionais limitam-se
a ser profissionais, um país onde existe muitos crimes violentos, a maioria dos
quais cometidos dentro do seio familiar, muitas vezes provocados pelo álcool,
onde a religião é predominante, onde impera o racismo, mas que não é assumido.
“Não falamos sobre ódio, odiamos em silêncio. É
a nossa maneira. Fazemos tudo em silêncio." Pág. 13
Quando uma actriz de
cinema, a negra Sufia Elmi aparece morta na neve, o inspector Kari Vaara é chamado ao local,
ninguém está preparado para um crime tão violento, pois o corpo foi mutilado de
forma brutal, terá sido por motivo racial? Ou pura violência? começam as
investigações e há medida que vão aparecendo suspeitos, também vão surgindo
surpresas, segredos escondidos de pessoas de quem não se está há espera.
Durante o percurso da investigação vão percebendo que este crime tem contornos iguais a um crime cometido num livro
de James Ellroy “A Dália Negra”, até que ponto é que o ou os assassino(s) se
basearam neste romance para cometer tais atrocidades? É isso que o inspector
Kari quer desvendar.
A narrativa é alternada
com capítulos sobre a investigação do crime, mas também sobre a vida pessoal do
inspector Kari, a sua vida actual, com a
esposa americana Kate, que ainda não se conseguiu adaptar a esta nova cultura,
dando
a conhecer-nos um pouco sobre este país, seus habitantes e os seus costumes,
mas também revelando-nos que Kari vive com fantasmas do seu passado, tem
segredos sobre a sua vida pessoal, e sobre a sua infância, dos quais não quer
falar.
E há medida que vamos
lendo, o autor consegue colocar na mente de quem está a ler, que comece a desconfiar de vários
personagens como prováveis assassinos, pois todos escondem algo, e aquilo que parece não o é, as reviravoltas são muitas, colocam dúvidas na mente, mas é
isso que faz um bom policial quanto a mim. Tem os ingredientes certos, escrita fluída, suspense,
mistério, os personagens, o enredo tudo
se enquadra, faz com que o leitor fique preso e não descanse enquanto não descobre
quem cometeu o crime. Ansiosa por ler o outro livro do autor “As lágrimas de
Lúcifer”
Pode ver o livro aqui
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