24/02/2014

O Jogo de Ripper, de Isabel Allende (opinião)



Opinião:
Sou fã incondicional de Isabel Allende, desde que li o seu primeiro livro que foi a "Casa dos Espíritos",  depois a "Filha da Fortuna", "Retrato a Sépia", e todos os que já foram publicados em português, uma escritora multifacetada,  já escreveu livros de memórias, juvenis, sagas, tem o dom da escrita e consegue misturar fantástico com a realidade, o misticismo e o religioso, é portanto uma das minhas autoras de eleição.
Com o livro O Jogo de Ripper mais uma vez conseguiu-me surpreender, pois é um romance que foge do habitual da autora, um livro com mistério, um policial, mas que me agradou muito.
Na primeira parte do livro vamos conhecer um vasto leque de personagens, que a autora na sua maneira de escrever muito peculiar, sempre muito descritiva e cheia de detalhes, foca-se muito nos mesmos e dá-nos a conhecer em pormenor, tanto os protagonistas desta narrativa, como os personagens secundários, a importância que dá nestas descrições no final do livro tornam-se importantes. 
O enredo passa-se na cidade de São Francisco (EUA), conhecemos Indiana e Amanda Jackson, mãe e filha, que são o oposto uma da outra, não poderiam ser mais diferentes, enquanto que a mãe se dedica à “medicina alternativa” muito em voga os EUA, divorciada do pai de Amanda, não quer compromissos amorosos, pois quer viver livremente, apesar de se envolver com Alan membro de uma família de elite, e com Ryan um ex-navy seal, o que gosta mesmo é de ajudar as pessoas. 
A filha, Amanda é uma miúda super inteligente, sendo muito madura para a idade que tem, adora ler policiais e dedica-se a um jogo de mistério online, com vários jogadores adolescentes de diversos países, todos eles também muito inteligentes e com particularidades muito próprias, ao qual chamam Ripper,( um jogo inspirado num dos mistérios da história do crime, Jack, O Estripador, em Londres, em 1888), onde o único adulto que participa é o seu avô, com o qual mantém uma cumplicidade única, adorei a relação entre os dois.
Quando começam ocorrer crimes na cidade, resolvem começar a investigar em paralelo com a policia, e como o pai de Amanda, Bob é inspector-chefe, através dele e outras vezes do avô consegue ter acesso aos ficheiros dos casos, e com inteligência e perspicácia este grupo de jovens consegue estar sempre um passo à frente da policia, entre eles discutem pormenores sobre os assassinatos que escapam à policia, o assassino deixa uma marca nas vitimas que os deixa intrigados e querem saber o seu significado.
E é com mestria que depois na segunda parte do livro a autora nos envolve e agarra, com um ritmo mais acelerado durante a investigação dos homicídios, pois começa-se a suspeitar que os crimes estão relacionados uns com os outros, mas será que estão? E existe a suspeita que seja um assassino em série, por isso eles encontram-se numa corrida contra o tempo, se querem salvar a última vitima antes que seja tarde.
No final comecei a suspeitar de pelo menos de dois personagens, mas a autora conseguiu surpreender-me  com o desfecho, e é isso que eu gosto neste género de livros.
Mais um livro da autora que sendo o seu primeiro policial me agradou muito, e que li com uma certa avidez, não defraudou as minhas expectativas, pois gosto imenso da sua maneira de escrever que é única, a história é envolvente e cativante, com mistério, com personagens fortes que se enquadram em todo o cenário, e das quais gostei muito em particular de algumas.
Em suma uma narrativa com suspense e um final inesperado, uma leitura que recomendo sem dúvida, como todos os outros livros escritos por Isabel Allende. Gostei muito.

«O meu trabalho consiste em criar histórias. Teço com os fios da imaginação e da realidade, da intuição e da lógica, da experiência pessoal e a da experiência colectiva. Cada livro é como uma tapeçaria com fios de muitas cores. Na medida do possível, o desenho deve possuir harmonia e claridade, e não se devem ver os nós». Isabel Allende

Pode ver o livro  O Jogo de Ripper aqui   




0 comentários: