10/03/2014

Quando a Tua Ira Passar, de Åsa Larsson (opinião)



Opinião:
Já algum tempo que estou rendida aos autores de policiais escandinavos, como por ex. Åsa Larsson,  li os dois primeiros livros “Aurora Boreal” e “Sangue Derramado”, este é o quarto livro da série protagonizada pela dupla feminina Rebecka Martinsson e Anna-Maria Mella, senti que devia ter lido primeiro “A Senda Obscura” (o 3º livro só que ainda não consegui), e por isso faltaram-me detalhes do que aconteceu a ambas as protagonistas.
Mas não impede em nada a leitura deste livro que agarra logo de inicio. Wilma uma jovem cujo o cadáver aparece no rio, estava dada como desaparecida juntamente com Simon o seu namorado há cerca de um ano, no inicio desta narrativa ela faz-nos a descrição do que lhes aconteceu quando mergulharam num lago onde supostamente está um avião alemão que se despenhou em 1943, Wilma aparece nos “sonhos” de Rebecka,  e ao longo do livro vai-nos narrando os acontecimentos que vai visualizando nesta aldeia remota cheia de neve e frio em Kiruna, e é aqui que entra um pouco o elemento sobrenatural, a autora gosta de mencionar os mortos nos seus livros, pois acredita "que esta não seja a única vida que tenhamos, por mais longa que seja."
De inicio pensa-se que a jovem se afogou no rio, só que a inspectora Anna-Maria tem um feeling que não foi isso que aconteceu, e começa a investigar, longe de saber onde se estava a meter, está a revolver no passado de pessoas que o querem ver enterrado, uma aldeia onde não existem jovens, as pessoas mais velhas são frias como o gelo, destituídas de sentimentos, coaduna-se com o clima do país, não querem que recordações e segredos venham ao de cima do tempo em que foram colaboradores dos nazis. Por isso não têm escrúpulos em continuar a matar quem se atrever a desenterrar e a mexer no seu passado. Quem dentre os habitantes poderá estar por detrás deste crime?
Rebecka vai vasculhar documentos e sondar as pessoas da aldeia sobre acontecimentos que ocorrem na Segunda Guerra Mundial, (autora baseou-se em factos verídicos nesta parte da história, um tema sobre o qual não me canso de ler), e é em volta destes eventos ocorridos há tantos anos que está a solução para este mistério, para se descobrir os culpados por detrás do assassinato de Wilma.
Neste livro sente-se a tensão entre Anna-Maria e seu colega Sven, ainda recuperam de um outro caso que podia ter terminado mal para ambos. Ao mesmo tempo a inspectora tenta dar vida ao seu casamento, sair da monotonia, o que não é fácil com quatro filhos.
Também Rebecka a advogada, que trabalha como promotora pública está a tentar seguir com a vida para a frente, quer viver em Kiruna, ainda está fragilizada com tudo o que lhe aconteceu anteriormente. São estes pormenores que nos mostram o lado humano das protagonistas.
E é com este enredo e estas personagens que mais uma vez a autora nos brinda com um bom policial, o interessante é que apesar de não haver o factor surpresa de quem seja o(s) assassino(s), a leitura deste livro é viciante, pois os contornos sobre o crime praticado, os segredos ocultos e o motivo por detrás faz com que a história não perca ritmo antes pelo contrário.  
É uma narrativa sombria e intensa, onde as descrições do cenário envolvente são bastante reais, florestas cheias de neve, os corvos mencionados ao longo do livro o preto no branco da neve dá-nos uma visão algo sinistra, assim como personagens estranhos que nos são apresentados, membros de uma família disfuncional e que são descritos ao pormenor, uma história onde o passado e o presente se entrelaçam, tudo isso faz sem dúvida que seja mais um excelente policial desta autora.

Pode ver o livro aqui

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