02/06/2014

Provas de Fogo & Death Cure (opinião)

Neste post opinarei, separadamente, sobre os dois últimos livros da série Maze Runner do James Dashner: Provas de Fogo e Death Cure. Um já publicado em Portugal pela Presença, o outro deve ser publicado em breve. No entanto a minha opinião é relativa às versões audiobook em inglês.

"Maze Runner - Provas de Fogo (Maze Runner 2)", de James Dashner [Editorial Presença]

Opinião (Ana Nunes):
Depois de Correr ou Morrer estava ansiosa por ler esta sequela. Afinal os problemas pareciam ainda mal ter começado para os gladers.

Provas de Fogo é o seguimento imediato do Correr ou Morrer mas, ao contrário do seu predecessor, a acção começa quase de imediato, com os personagens a perceberem, depois de umas (poucas) horas de paz, que as provas ainda mal começaram e que ainda não estão a salvo. Neste livro ficamos a saber mais do que se passou com o mundo, do porquê existir a WICKED e do porque as personagens estão na situação que estão. No entanto ficam ainda muitas perguntas por responder (suponho que no terceiro isto seja resolvido).
Então os gladers são separados da Teresa, informados que estão infectados com a Flare (uma doença que leva à loucura) e  forçados a percorrerem uma cidade que é uma espécie de lixeira, onde os governos enviam as pessoas que sofrem da doença. Em suma, um sítio lindo para se passar as férias. Certo?

Tudo nesta sequela parece passar a correr. As cenas são rápidas, há perigos em cada esquina, não se pode confira em ninguém e até a meteorologia está contra eles. Dito isto, há efectivamente muito tempo morto. Como? Fácil! O Thomas está sempre a ser separado do seu grupo, sempre a correr perigo mas, na verdade, ele sai sempre praticamente ileso. Isso é frustrante. Se está sempre em perigo, ao menos façam com que algo dê mesmo para o torto. E fazem, mas depois salvam-no de forma muito ... fácil.
Mas isso nem é o pior. O mal é que, por estar sempre longe dos amigos, quando finalmente se reúne com eles, tem de andar a contar o que se passou. Chato e repetitivo!

Contrariamente ao que se passa com as personagens do livro, eu até gostei da Teresa neste livro. Estranho, considerando que ela aqui é uma quase inimiga, mas, convenhamos, nem sei porque é que o Thomas ficou todo zangado com ela, mesmo depois de ela lhe ter avisado que ia ter de fazer algo mau e para ele confiar nela.
Por outro lado não gostei nada da Brenda, que me pareceu falsa desde o início. O Thomas ficou todo caidinho por ela, para variar. Com tudo isto parece-me é que o autor não tem muito jeito para criar personagens femininas porque elas são as menos ricas (em termos de personalidade) da série.

Em termos de desenvolvimento, o livro foi bastante bom, com uma grande dose de suspense, muita acção e drama, assim como conseguiu dar a volta à minha cabeça, fazendo-me duvidar de tudo e todos. Contudo achei a trama muito repetitiva e algumas cenas um pouco forçadas. Acho que foi o estilo de escrita do autor que me começou a incomodar. No primeiro livro referi que a sua simplicidade e falta de detalhe não me tinha afectado muito mas, neste segundo livro já senti que sim. O autor não conseguia transmitir emoções, apenas adrenalina e desconfiança.
Depois houve também um certo abuso no uso da percepção do som, constante referência em quase todas as páginas. Se isto fosse acompanhado de outros sentidos, seria bom mas, sozinho tornou-se cansativo.

Em suma, As Provas de Fogo foi uma sequela intensa mas que não conseguiu ser tão interessante. Demasiadas repetições e pouca riqueza de escrita, conseguiram ensombrar uma história que, na sua cerne, acaba por ser muito boa. Não está mau, mas não foi tão bom como esperava.


"The Death Cure (Maze Runner 3), de James Dashner (ainda não publicado em Portugal)

Opinião (Ana Nunes):
Este é o terceiro e último livro da série The Maze Runner e eu estava ansiosa por descobrir o desfecho.

O conceito desta série é bastante bom e tinha 'pano para mangas', no entanto, e para meu grande desagrado, demasiadas respostas ficaram por responder. Isto porque o protagonista nunca chegou a recuperar a memória, o que debilitou a informação a que o leitor tinha acesso. Isto, para mim, foi um dos grandes fracassos do livro. Caros autores, se levantam as questões, por favor certifiquem-se que vão respondê-las.

Neste livro os Gladers conseguem escapar das instalações da WICKED, e de forma muito fácil por sinal. Como é que ninguém suspeitou disso. Hem, Thomas? O Jorge aconteceu de estar lá e de saber pilotar, e de ter documentos falsos e ... preciso continuar? Enfim, é caso para dizer que o autor não foi muito bem sucedido nas suas escolhas, ou pelo menos a camuflá-las. Enquanto o Thomas ignorava os sinais, eu, enquanto leitora, só pensava "onde está o Thomas do livro 1?". Aquele que questiona tudo, que consegue descortinar o que é suspeito e confiar em quem na verdade o vai ajudar, em vez do contrário.
Mas depois de escaparem vão para uma cidade, supostamente normal, onde a doença foi contida e as pessoas vivem normalmente. Isto é sol de pouca dura! Dois ou três dias depois vai tudo pelo cano abaixo. Assim sem mais nem menos. As pessoas desaparecem, os infectados tomam conta da cidade e isto nunca é verdadeiramente explicado. Parece que a barragem rebentou e ninguém deu por nada.
E já repararam que não paro de me queixar? Isto é porque fiquei mesmo decepcionada com o livro mas ... Aha! Há um mas ... eu gostei do final. A sério que gostei! Foi exactamente o tipo de final que, segundo o desenrolar do livro, eu achei que fosse mais apropriado. Era a única solução, a única 'cura' possível. Não gostei foi do que aconteceu à Teresa, deixando o caminho livre para a Brenda (eu bem que nunca gostei dela). Outra coisa que gostei foi do que se passou com o Newt. Foi bem conseguido e trouxe emoção às páginas.

Falando de personagens, só gostei mesmo da Teresa, do Gally, Newt, Minho (lê-se Min-ho; era giro se fosse mesmo minho). O Thomas, que tinha sido o meu favorito no primeiro, foi uma grande decepção. Enfim, fez exactamente o que os outros queriam que ele fizesse.

A escrita do autor, como já vem sendo hábito, é muito directa, pouco detalhada e demasiado apressada, demasiado voltada para a acção. Não gostei da prosa, confesso, e quando estava perto do fim só pensava: "Este não pode ser o último livro! Como vão resolver tudo neste espaço?", e a  verdade é que não resolveram. Noutra nota, o Thomas dormiu que se fartou neste livro. Sheesh!

Em suma, The Death Cure trouxe um desfecho satisfatório à trilogia mas, o livro em si, é muito fraco. Ficou demasiado por saber e o protagonista perdeu toda a força que tinha até aqui. Não gostei do livro mas gostei do desfecho. Valeu pela resolução.

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