30/09/2014

Os Crimes do Monograma, de Sophie Hannah (opinião)



Opinião:
Sou fã da tia Agatha Christie, há mais trinta anos li todos os livros publicados em português, por isso estava com muita curiosidade para ler Os Crimes do Monograma, escrito por Sophie Hannah, é óbvio que cada escritor tem o seu estilo único e é impossível alguém imitar outro, e Agatha é única, mas só o facto de alguém tentar trazer de volta um dos mais famosos detectives da literatura o belga Hercule Poirot, deixou-me na expectativa.
Hercule Poirot encontra-se em Londres no ano de 1929, a tomar o seu café, que tanto aprecia, quando uma mulher muito transtornada aparece e lhe diz que vai ser assassinada, após este episódio que o deixa a pensar e preocupado, é informado de três mortes ocorridas no elegante Hotel Bloxham. E acompanhado pelo seu amigo, Edward Catchpool, o detective da Scotland Yard, vai investigar o cenário destas mortes com contornos semelhantes, quer pela posição em que os três cadáveres se encontram, quer pelo o objecto deixado na boca de cada vitima. Algo no instinto de Poirot lhe diz que a mulher que viu no café está relacionada de alguma forma com as pessoas que foram assassinadas no Hotel.
Exceptuando o primeiro capitulo, o livro é narrado pelo detective Edward Catchpool, que vai recolher informações fundamentais sobre os crimes, e vamos tendo a percepção do desenrolar dos acontecimentos, num ritmo muito próprio de Poirot, onde pequenas nuances caracterizam este detective famoso, a essência está lá, como o simples facto de gostar de tudo organizado, limpo, as suas expressões mais usuais, investigar ao seu ritmo seguindo as pistas que se lhe apresentam no cenário do crime, observando as pessoas, sempre muito perspicaz, vê o que os outros não conseguem ver, (apesar de se dispersar um pouco).
Poirot apercebe-se de várias conspirações e mentiras relacionadas com os crimes, assim como as pistas soltas que são deixadas no local, que deixam o leitor sempre na ignorância de quem poderá ser o assassino, e o suspense mantém-se pelo facto de as pessoas se recusarem a dizer e a contar o que sabem, o que pode ser crucial para o desvendar dos crimes, mas também ao estarem a ocultar a verdade, ignoram que outro crime pode estar prestes a ser cometido.
Confesso que a partir de uma certa altura durante a leitura, assim que entrei na história, esqueci-me quem era o autor do livro, e embrenhei nesta narrativa e não quis fazer comparações, e sim desfrutar da mesma.
Mas a autora soube recriar a época e os cenários em questão, e criou um Hercule Poirot muito semelhante ao original, metódico, perfeccionista, que junta as peças deste quebra-cabeças como ninguém, quando diz para se colocar as “celulazinhas cinzentas” a funcionar (expressão que tanto gosta de dizer), não aceita tudo o que lhe apresentam, mas sim questiona, interroga, vendo mais à frente, ou seja está sempre um passo à frente dos outros.
Gostei bastante deste enredo engenhoso, com mistério e suspense, assim como da panóplia de personagens e das pistas que são deixadas ao longo da investigação, das voltas e reviravoltas que a mesma dá. Foi muito bom voltar a ler um policial clássico que nos relembra o querido Hercule Poirot, recomendo aos amantes deste género literário.

Pode ler mais sobre o livro aqui


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