15/12/2014

"Na Montanha de Hitler" de Irmgard A. Hunt (opinião)



Opinião:
Já li muitos livros, muitos mesmo, sobre o genocídio cometido no Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial, relatos pessoais sobre as atrocidades cometidas nesse período negro da história da humanidade,  mas poucos sobre pessoas que viveram ou tiveram contacto directo com Hitler e com aqueles que o seguiam e serviam fervorosamente.
O livro Na Montanha de Hitler é um relato verídico contado na primeira pessoa por de Irmgard A. Hunt, uma narrativa de memórias notável, de uma criança e da sua família, uma menina que nasceu nas montanhas de Berchtesgaden, nas encostas da Baviera, o refúgio de Hitler, e que teve contacto directo com o Fuhrer, de quem a sua mãe era defensora, mas haviam havia familiares directos que não o eram, corriam sério risco de vida se alguém o soubesse..
Nas escolas aprendia-se a idolatrar o líder do nazismo, e ao contrário dos livros habituais sobre o massacre do Holocausto, este livro relata-nos como era viver junto desta “pessoa”, vamos ter a percepção do outro lado, ou seja somos confrontados com uma infância normal de uma criança cujas a regras eram restritas e uma educação rígida, onde não se demonstrava o amor, frequentavam a escola em que os professores nazis acérrimos defensores de Hitler, incutiam nas crianças a doutrina nazista na sua mente e o ingresso na Juventude Hitlerista a partir dos 10 anos.
Nascida numa família pobre apesar de viver perto de Hitler e daqueles que o rodeavam a quem nada lhes faltava, estas pessoas não estavam encantadas com o nazismo pois eram bastante afectadas, passavam fome e todo o tipo de carências que uma guerra a decorrer provoca nas populações, não era fácil sobreviver.
Apesar de todo o sofrimento e das dificuldades, as pessoas e as crianças conseguiam no meio disto tudo abstrair-se, nos poucos momentos que conseguiam tirar de pequenos prazeres que lhes eram dados pela natureza.
Durante 11 anos Irmgard e a sua família passaram por muitas privações e desgostos. Tempos muito difíceis cheios de opressão e repressão, em que as pessoas não podiam dizer o que pensavam.
Irmgard descreve como eram os dias perto do fim da guerra onde a comida e a roupa escasseavam, e os seus pensamentos em que afinal os alemães tinham lutado por uma causa perdida.
Trata-se de um livro notável que nos dá a conhecer o outro lado da história, através dos olhos de uma criança que viveu e sobreviveu até aos dias de hoje, que não entendia porque é que se tinha de viver sob a alçada de alguém que amedrontava e que deixava o povo passar fome e todo o género de privações, que os obrigava a seguir a suas ideologias, uma herança pesada que se herdava ao nascer numa ditadura, sobre a qual se questionou há medida que ia tendo percepção da realidade que a rodeava. A sua vida deu muitas voltas, tanto que acabou a viver na América, adoptando um sobrenome americano.
Uma história memorável, fascinante, muito bem escrita, de alguém que nasceu e viveu junto de um povo que no fundo carrega o peso da “culpa” de seguir um líder que nada tinha de racional, é mais um alerta para que não se permita que se volte a repetir em gerações vindouras. Recomendo sem dúvida alguma, trata-se de uma excelente  leitura, um livro muito bom.



Pode ler mais sobre o livro aqui 

 

1 comentários:

Anónimo disse...

culpa é um sentimento que se herda ?
se fosse de dresden ou de hiroshima não teria hipotese de escrever o dito livro , pelo menos indo depois para a america safou-se de ser no minimo violada pelos vermelhos