13/02/2015

28 Dias, de David Safier (opinião)



Opinião: 
28 dias para viver toda uma vida.

28 dias para descobrir o amor verdadeiro.

28 dias para se converter numa lenda.

28 dias para responder à maior de todas as perguntas: que género de pessoa quer ser?

David Safier é o conhecido autor do livro Maldito Karma, não li, mas agora vou querer ler e também os outros livros publicados.
28 Dias, é uma narrativa baseada em factos veredicto, passada em Varsóvia, durante a Segunda Guerra Mundial, em 1943, contudo a personagem principal Mira é fictícia, mas poderia ser a história de qualquer jovem que esteve enclausurada no Gueto de Varsóvia.
O Gueto de Varsóvia foi um lugar onde a população judaica ficou isolada, viveram ou por outra sobreviveram em condições totalmente desumanas, um lugar imundo, sem água, sem luz, sem alimentos, sem roupa, doentes, forçados a trabalhar em fábricas em beneficio dos nazis, e o pior disso tudo eram as acções, as atrocidades cometidas por aqueles que tinham o poder nas mãos.
Mira tem apenas dezasseis anos, vive juntamente com a mãe e a irmã mais nova, são prisioneiras no gueto, conseguem sobreviver graças à coragem da jovem Mira que faz contrabando passando para o lado Polaco, e assim consegue alimentos para se sustentarem, correndo todos os dias perigo de vida, pois se for apanhada pelas SS poderá ser morta, mas o seu instinto de sobrevivência é mais forte, assim como o seu grande amor pela irmã que quer a todo o custo que sobreviva.
E é através dos olhos de Mira que vamos acompanhar esta narrativa que nos choca com a história de vida de um povo indefeso, vamos ter a percepção do que era sobreviver neste gueto no dia a dia, daquilo que suportavam e aguentavam, um sofrimento inimaginável.
Quando os judeus começam a ser todos deportados do gueto para o campo de extermínio de Treblinka, Mira tem que tomar uma decisão, e fica a pensar na pergunta do louco do gueto - “que tipo de pessoa queres ser?”
Só que Mira sente-se dividida entre o amor a Daniel, um rapaz pacifico e ficar ao seu lado, ou ficar do lado de Amos, o resistente, ou seja ou embarca no comboio ou luta e faz frente aos nazis, colocando-se ao lado da resistência, um grupo que apesar de não ter praticamente meios para lutar ainda assim enfrenta a morte todos os dias, Mira tem que decidir e escolher - como é que quer morrer?.
E vamos precisamente acompanhar 28 dias de resistência, onde se destaca a crueldade humana, a injustiça, o sofrimento, a angustia, mas, por outro lado também se destaca o amor, a lealdade e o heroísmo de jovens que não quiseram simplesmente entregar-se, temos a percepção nítida do melhor e do pior que existe na natureza humana. Faz-nos reflectir e pensar – como será que agíamos numa situação destas?
O autor consegue com esta história e através de uma escrita fluída e directa, transmitir-nos não só o sofrimento que estas pessoas passaram, mas ao mesmo tempo passar-nos uma mensagem, ou seja, mesmo no meio do horror, no meio de grande tensão, ainda assim era possível amar e sonhar.
Uma narrativa comovente, que nos toca e revolta, sobre a capacidade da resistência humana, que vai muito além da destruição e da morte de judeus, é sobretudo sobre a coragem, sobre a amizade, sobre o amor, sobre o valor da vida, mas principalmente sobre as escolhas que se fazem. Gostei muito.

(Não pensem que já leram tudo sobre o Holocausto, por muitos livros que se tenha lido sobre este tema, existe sempre algo que nos consegue surpreender, e temos o dever de incentivar as gerações mais novas a ler  para terem a percepção e a noção das atrocidades cometidas, e que jamais permitam que sejam repetidas).

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