17/03/2015

Cinco Dias de Vida, de Julie Lawson Timmer (opinião)

Opinião:
Cinco Dias de Vida apresenta-nos duas histórias distintas, que se cruzam apenas pelo facto dos protagonistas conversarem através de um fórum cujo o tema é adopção.
Começa com Mara, uma advogada realizada, casada, mãe de uma menina, Mara é portadora de uma doença genética incurável, que está a devastar a sua vida, trata-se da doença de Huntington (não conhecia por isso fui fazer uma pesquisa na net). Uma doença neurodegenerativa que incapacita a pessoa a ponto de um dia a deixar totalmente dependente de outrem, algo que a protagonista não consegue aceitar que lhe aconteça, por isso relata-nos durante cinco dias todos os seus receios e medos, pois não quer colocar esta carga nas costas da família, e como tal tomou uma decisão drástica, e também porque ela quer manter e preservar a sua dignidade. Será que está certa? Será que agíamos da mesma maneira?
A outra história é sobre um professor, Scott e a sua esposa que se tornam numa família de acolhimento durante um período de um ano, ficam responsáveis por um menino cuja a mãe foi presa, mas esse prazo está a chegar ao fim, e o menino terá de voltar para a mãe. Scott não consegue aceitar a ideia de o perder, pois apegou-se ao menino como se este fosse um filho, Scott durante cinco dias demonstra o quanto é uma pessoa emotiva, os seus sentimentos transparecem durante a leitura.
São duas narrativas que nos fazem pensar sobre as partidas que a vida nos prega, para as quais não estamos preparados, que nos obrigam a agir e a tomar decisões de se escolher o que acha melhor, apesar de que talvez o que seja bom para si não o seja para os outros.
A história de Mara foi a que mais me afectou, apesar de que ambas me fizeram questionar, se eu estivesse no lugar dos personagens o que faria?
Um livro que nos leva a reflectir, pois aborda dois temas que além de serem delicados não deixam de ser também polémicos, e que de alguma forma mexem com o leitor, podem dividir-nos ao longo da leitura, talvez se sinta empatia mais por uma história do que pela outra, o certo é que a autora conseguiu transmitir o sofrimento, a frustração destes dois personagens de uma maneira muito real e triste, pois trata-se de despedidas, de perdas, de escolhas. No final é normal que cada leitor faça a sua própria análise.
Uma leitura que não nos deixa indiferentes.


0 comentários: