Título: Mea Culpa
Autor: Carla Pais
Págs.: 208
PVP: 16,60 €
Autora estreia-se com Mea Culpa, que esteve indigitado para vencer o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís
Mea Culpa é o primeiro romance de Carla Pais, uma obra reveladora de grande talento literário que anuncia uma nova voz na literatura portuguesa e que é publicada pela Porto Editora a 23 de outubro. Na escrita segura, dura e poética de Carla Pais, Mea Culpa fala sobre os marginalizados de uma aldeia remota portuguesa, vítimas de uma sociedade condenatória e decadente, onde ninguém é quem parece ser. O livro esteve indigitado para o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís, que acabou por não lhe ser entregue pelo facto de a autora ter já publicado uma pequena obra de caráter ficcional, o que ia contra o regulamento. Carla Pais, emigrante há cinco anos em Paris, vai regressar a Portugal para lançar esta novidade a 2 de novembro, às 18:30, no Le Consulat (Praça Luís de Camões, Lisboa). A apresentação estará a cargo de Ana Margarida de Carvalho.
SINOPSE
Amadeu Jesus é um homem a quem Deus roubou a fé, um corvo definhado que perdeu o norte do ninho. Briosa tem olhos grandes de silêncio e fome de mundo, e um irmão-menino que não sabe falar. Cândida Jesus pariu um assassino e por isso se fez puta. Em dia de Nossa Senhora de Fátima, um inocente sai do inferno onde passou dez anos e uma menina de corpo feito pestaneja mais do que os olhos ao desejo. Do lado errado da aldeia dividida a meio pelo fio de água da nascente, um novo amor nasce como as papoilas do cemitério. E os dois, sem mais mundo, planeiam atravessar os vales e as montanhas com os pássaros, para saber como é a liberdade por lá. Ao seu lado vai o cão.
A AUTORA
Carla Pais nasceu em Leiria, em 1979. Abandonou a escola aos dezassete anos para ser mãe, terminando mais tarde o 12.º ano à noite. Em 2012 decidiu instalar-se de armas e bagagens em França, onde fez limpezas, embalou salmão e tomou conta de crianças. Hoje é empregada de escritório num Centro de Formação à Distância. Em 2015 venceu o Prémio Literário Horácio Bento Gouveia com o conto «A Alma do Diabo». No mesmo ano obteve também o terceiro lugar no concurso de poesia Agostinho Gomes com o poema «Assimetria dos Lábios». Em 2016 o seu conto «O búzio do meu pai» foi selecionado para integrar a antologia de contos A Infância, promovida pelo Centro de Estudos Mário Cláudio. Em 2017 a sua obra A Instrumentação do Fogo arrecadou o Prémio de Poesia Francisco Rodrigues Lobo. Indigitado para o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís de 2016, o presente romance, Mea Culpa, acabou por não o obter, dado que a autora tinha publicado anteriormente uma outra obra de carácter ficcional, o que o regulamento não permitia.
IMPRENSA
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Com a rentrée chega uma voz nova à literatura portuguesa: Carla Pais. José Riço Direitinho, Público
Um romance que transporta o leitor para um duro patamar de existência humana e social. Miséria e decadência sob formas violentas, que vão do incesto a diversos modos de servidão, [que] circunscrevem relações humanas envenenadas por injustiças e desesperos. Júri do Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís
Um romance que transporta o leitor para um duro patamar de existência humana e social. Miséria e decadência sob formas violentas, que vão do incesto a diversos modos de servidão, [que] circunscrevem relações humanas envenenadas por injustiças e desesperos. Júri do Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís
Excerto de Mea Culpa
O dia de Nossa Senhora de Fátima está quase a morrer. Falta um minuto. São vinte e três horas e cinquenta e nove minutos no relógio da torre. Àquela hora, os candeeiros parem uma luz morna que se esfrega com preguiça nas sombras da praça, alumiam os pés em contraluz e deixam os olhos enterrados no silêncio das almas perdidas. Não há ninguém por ali. As portas da igreja estão fechadas. Os santos adormecidos sob o volume das esmolas ficam presos naqueles altares de madeira restaurada, de mãos postas a Deus, enquanto o dia não clareia e se voltam a soprar uns credos, uns perdões de mão ao peito.
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