Homem-Tigre
Páginas: 176
PVP: 16,59€
«Pertinente, astuto e magnético, Homem-Tigre é a prova de que
tudo aquilo que Eka Kurniawan escreve vale bem a pena ser lido.» — The New York Times
Poético e irreverente, arrojado e político. Homem-Tigre, já nas livrarias, é um dos romances mais marcantes dos
últimos anos. Esta obra, que combina política, sátira, humor e tragédia familiar,
valeu a Eka Kurniawan comparações a
Salman Rushdie e Gabriel García Márquez. Em 2016, com Homem-Tigre,
Eka Kurniawa
tornou-se o primeiro autor indonésio a ser nomeado para o Man Booker Prize.
Sobre o livro:
Pouco tempo depois de o cadáver
de Anwar Sadat, um artista lascivo e preguiçoso, ser descoberto, Margio é
detido pela polícia, havendo poucas dúvidas de que é ele o assassino. No
entanto, o que terá levado o jovem e dócil Margio a afundar os dentes na
garganta de um homem e perpetrar um crime tão hediondo permanece um mistério
para todos os habitantes da pequena povoação. A verdade é que, no momento do
ataque, Margio não estava em controlo das suas ações; nesse momento, um tigre
fêmea branco tinha tomado posse do seu corpo.Homem-Tigre é o retrato de duas famílias atormentadas,
ligadas entre si por um casamento trágico e brutal, e de uma Indonésia rural e
pobre a braços com um passado recente de abusos e violência, sedenta por
justiça, onde o folclore e o mundo real colidem.
Era um rapaz que não gostava de ficar em casa,
mas era bem comportado. Não era tolo o suficiente para desperdiçar o seu tempo em
rixas e, durante o dia, fazia uns biscates e gastava o dinheiro ganho em
cigarros e cerveja. Era temperamental, mas ainda assim doce. Todos sabiam que
odiava o pai e achavam‑no capaz
de acabar com ele, mas Margio nunca tentou nada assim. Não era, de todo, um arruaceiro.
Quando Sadrah ouviu dizer que Margio havia matado um homem, nem conseguia
acreditar. Chegou a casa e descobriu o pai a matar as galinhas. Komar não pediu
ajuda a ninguém, prendendo as patas e as asas debaixo dos pés, uma mão a
segurar a cabeça da pobre galinha, a outra a golpear com a faca da cozinha.
Zás, zás, cortou‑lhes as
cabeças, uma a uma, e lançou os restos mortais para a gaiola, as asas a bater
para afastar o aperto da morte.
— O que está ele a tramar? — perguntou Margio
a Mameh, sem que Komar o ouvisse.
— Está a planear uma refeição cerimonial para
o sétimo dia de Marian.
Talvez tenha sido isso a trazer o tigre para o
exterior. Margio não conseguia tolerar que o maldito velho fizesse algo de
simpático pela rapariga morta que ignorara por completo enquanto fora viva.
Margio acabara por acreditar que Komar tinha matado a mais nova, ou que, pelo
menos, a deixara morrer intencionalmente. E, agora, o maldito Komar estava a
planear uma cerimónia de sétimo dia. Apodrece no Inferno, pensou Margio.
Decerto, a alma da bebé nada aceitaria daquele homem. Foi então que Mameh se
apercebeu de um rosto avermelhado, espetral, aparentemente coberto de pelo, com
um brilho amarelo nos olhos. Ouviu um rugido ecoante e viu uma sombra branca a
dancar‑lhe nas pupilas. Quase gritou, antes de voltar
a desaparecer, aninhado atrás da porta de uma gaiola que parecia ter ficado bem
fechada. Margio havia‑o confinado,
suprimira a sua selvajaria — (pp. 65)
Sobre a autora:
Eka Kurniawan nasceu em
1975, na Indonésia. Formado em Filosofia, é autor de dois romances, vários contos, argumentos para cinema e ensaios. A
tradução em língua inglesa do seu primeiro romance, Beauty is a Wound,
tornou-se uma das mais recentes e fulgurantes revelações da Literatura mundial. Em 2016, com Homem-Tigre,
tornou-se o primeiro autor indonésio a
ser nomeado para o Man Booker Prize. Foi ainda nomeado para o Prémio Médicis e para
melhor livro do ano pelo Guardian e pelo New York Times. As suas
obras estão traduzidas em mais de 35 línguas.
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