02/02/2019

A Mulher de Cabelo Ruivo, de Orhan Pamuk


Opinião:
Quem me conhece sabe o quanto eu gosto de ler sobre outras culturas, outros povos e os seus costumes, este autor foi o vencedor do prémio Nobel de Literatura de 2006, não que isso tenha influenciado a minha vontade de ler este livro, foi mesmo a imensa curiosidade em ler uma obra sua, e, fiquei fã. 
A Mulher de Cabelo Ruivo, começa por nos contar uma historia passada perto de uma pequena cidade nos arredores de Istambul, sobre um escavador de poços e do seu aprendiz, que são contratados para procurar água num terreno baldio. Nada de especial, pensei eu, mas, estava muito enganada, o autor sugou-me para dentro do livro através destes dois personagens, que acabam por criar laços como se fossem pai e filho, é um trabalho temporário para o rapaz que quer ir para a universidade, mas as aprendizagens no curto espaço de tempo que convive com este homem, marcam-no para a vida, os seus ensinamentos, a sua preocupação, tornam o mestre  no pai que nunca esteve presente na sua vida, assim como o rapaz também transmite conhecimentos ao mestre através de uma parábola, no fundo existe uma partilha de conhecimentos. E tudo corre normal até ao momento em que o rapaz se apaixona por uma mulher misteriosa, e de seguida dá-se um acontecimento com o mestre que os separa. E ficamos intrigados para onde é que a narrativa nos vai levar, pois a vida deste jovem sofre uma reviravolta. Vinte anos depois, o rapaz, agora um homem, casado, volta ao lugar onde viveu tempos especiais, para tentar descobrir o que aconteceu ao mestre e à mulher de cabelo ruivo.
E posso dizer que gostei, gostei mesmo muito, da forma como o autor nos faz reflectir com esta história, no poder das nossas acções, podemos decidir entre fazer o bem ou mal, o correcto ou incorrecto, mas, não podemos fugir da escolha que fizermos, pois as repercussões das nossas escolhas vão ditar como vamos viver, atormentados, carregar com o peso da culpa nos ombros, ou não.
É interessante a forma como o autor coloca o personagem a narrar os acontecimentos dirigindo-se ao leitor, sentimos as suas palavras em nós, o que torna o livro muito envolvente, mas também a forma como retrata as ligações humanas, amor, laços familiares, culpa, remorsos, expiação, obsessão, e a influencia que os actos do passado podem ter sobre uma pessoa. Muito bom.



1 comentários:

Sandra Santana disse...

Ainda nunca li nada deste autor, mas este livro já me tinha chamado a atenção e pela sua opinião parece que não errei. Deve ser mesmo bom e intenso, gosto muito de livros em que o narrador se dirige aos leitores e quase que nos torna parte da história. :)