Opinião:
Sou fã incondicional de
Isabel Allende, desde que li o seu primeiro livro que foi a "Casa dos
Espíritos", depois a "Filha da
Fortuna", "Retrato a Sépia", e todos os que já foram publicados
em português, uma escritora multifacetada, já escreveu livros de memórias, juvenis,
sagas, tem o dom da escrita e consegue misturar fantástico com a realidade, o
misticismo e o religioso, é portanto uma das minhas autoras de eleição.
Com o livro O Jogo de Ripper mais uma vez conseguiu-me surpreender, pois é um romance que foge do
habitual da autora, um livro com mistério, um policial, mas que me agradou
muito.
Na primeira parte do
livro vamos conhecer um vasto leque de personagens, que a autora na sua maneira
de escrever muito peculiar, sempre muito descritiva e cheia de detalhes, foca-se muito nos mesmos e dá-nos
a conhecer em pormenor, tanto os protagonistas desta narrativa, como os
personagens secundários, a importância que dá nestas descrições no final do
livro tornam-se importantes.
O enredo passa-se na
cidade de São Francisco (EUA), conhecemos Indiana e Amanda Jackson, mãe e
filha, que são o oposto uma da outra, não poderiam ser mais diferentes, enquanto
que a mãe se dedica à “medicina alternativa” muito em voga os EUA, divorciada
do pai de Amanda, não quer compromissos amorosos, pois quer viver livremente,
apesar de se envolver com Alan membro de uma família de elite, e com Ryan um ex-navy
seal, o que gosta mesmo é de ajudar as pessoas.
A filha, Amanda é uma miúda super
inteligente, sendo muito madura para a idade que tem, adora ler policiais e dedica-se
a um jogo de mistério online, com vários jogadores adolescentes de diversos
países, todos eles também muito inteligentes e com particularidades muito
próprias, ao qual chamam Ripper,( um jogo inspirado num dos mistérios da história
do crime, Jack, O Estripador, em Londres, em 1888), onde o único
adulto que participa é o seu avô, com o qual mantém uma cumplicidade única,
adorei a relação entre os dois.
Quando começam ocorrer
crimes na cidade, resolvem começar a investigar em paralelo com a policia, e
como o pai de Amanda, Bob é inspector-chefe, através dele e outras vezes do avô consegue ter acesso
aos ficheiros dos casos, e com inteligência e perspicácia este grupo de jovens
consegue estar sempre um passo à frente da policia, entre eles discutem
pormenores sobre os assassinatos que escapam à policia, o assassino deixa uma
marca nas vitimas que os deixa intrigados e querem saber o seu significado.
E é com mestria que depois na segunda parte do livro a autora nos envolve e agarra, com um ritmo
mais acelerado durante a investigação dos homicídios, pois começa-se a suspeitar que
os crimes estão relacionados uns com os outros, mas será que estão? E existe a
suspeita que seja um assassino em série, por isso eles encontram-se numa corrida contra o tempo, se
querem salvar a última vitima antes que seja tarde.
No final comecei a suspeitar de pelo menos de dois personagens, mas a autora conseguiu surpreender-me
com o desfecho, e é isso que eu gosto
neste género de livros.
Mais um livro da autora
que sendo o seu primeiro policial me agradou muito, e que li com uma certa avidez, não defraudou as minhas
expectativas, pois gosto imenso da sua maneira de escrever que é única, a
história é envolvente e cativante, com mistério, com personagens fortes que se enquadram em todo o cenário,
e das quais gostei muito em particular de algumas.
Em
suma uma narrativa com suspense e um final inesperado, uma leitura que recomendo sem
dúvida, como todos os outros livros escritos por Isabel Allende. Gostei muito.
«O meu trabalho consiste em criar
histórias. Teço com os fios da imaginação e da realidade, da intuição e da
lógica, da experiência pessoal e a da experiência colectiva. Cada livro é como
uma tapeçaria com fios de muitas cores. Na medida do possível, o desenho deve
possuir harmonia e claridade, e não se devem ver os nós». Isabel Allende
Pode ver o livro O Jogo de Ripper aqui
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