Opinião:
Sou fã de clássicos da
literatura, e ler este livro contado do ponto de vista dos criados e a sua perspectiva
sobre o seu trabalho em torno do bem estar e conforto da família Bennet de Orgulho
e Preconceito é totalmente diferente, e apesar de no fundo saber como era, não deixa de ser surpreendente.
Em Longbourn, vamos
conhecer um mundo à parte daquele a que nos habituamos a ler
sobre a sociedade inglesa no século XIX, uma atmosfera que não tem nada a ver
com as histórias dos donos das casas e de todas as suas comodidades.
Faz nos pensar quão
injusta era a vida para estas pessoas que passavam a vida a servir os outros, pois não
tinham outras oportunidades, nasciam pobres, não podiam fazer mais nada, por isso dependiam dos caprichos dos seus senhores, das suas
ordens.
Levantavam-se de madrugada para preparar tudo, desde lavar a roupa
toda à mão, amassar o pão e preparar todas as refeições, carregar água (pois
não haviam instalações sanitárias), acender lareiras, enfim um sem número de tarefas, de trabalhos infindáveis, passavam o dia a
trabalhar, sem parar, para servir os pais e as cinco filhas Bennet, era fisicamente desgastante. E um facto é que os senhores pouco ou nada sabiam
sobre quem os servia.
A autora conseguiu e
muito bem recriar o ambiente em torno dos criados, além de nos dar a uma perspectiva do trabalho de bastidores que eles faziam, também nos dá a visão
daquilo que pensavam em relação aos senhores da casa e da vida que levavam, que
no fundo não era vida, eram como escravos, apesar da escravatura ter sido
abolida, não tinham vontade própria, não tinham liberdade de escolha, não
podiam simplesmente sair e mudar-se, pois isso não era bem visto, tinham que se sujeitar uma vida ao serviço dos outros, trabalhavam,
comiam e dormiam na casa sem nunca sair de lá.
Nesta narrativa destaca-se uma personagem, Sarah, treinada pela governanta da casa a Sra. Hill, que serve as meninas Bennet, não era mal tratada
pelas mesmas, lia os livros que lhe emprestavam, recebia vestidos que já não queriam, mas no fundo almejava outra vida para si.
Temos também o
misterioso James, um criado que aparece na casa, vem auxiliar e muito nos
trabalhos pesados, mas a sua vida está envolta em mistério, ninguém sabe nada sobre o seu passado.
E é através da jovem
criada a Sarah que temos a visão do que se passa em Longbourn no andar de
baixo, além de todo o trabalho árduo, também tinham os seus momentos de alegria entre
eles, muitas vezes passados na cozinha, amavam, tinham as suas paixões e segredos escondidos, personagens estes que nos cativam logo de inicio, dos quais faz parte também Polly, uma ajudante ainda menina.
Longbourn é sem dúvida um
relato comovente, cheio de pormenores, muito bem escrito, com descrições da
época muito bem feitas, cenários e personagens muito bem conseguidos, transporta-nos
para a dura realidade do dia a dia
daqueles que nasciam para servir, dá vida às personagens que não são realçadas
na história de Orgulho e Preconceito.
Um livro que nos deixa a pensar, que para
uns usufruírem dos prazeres da vida outros tinham que sofrer. Pessoalmente
gosto muito deste género literário, gostei muito desta narrativa, por isso recomendo.
Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui
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