Madre Paula, de Patrícia Müller (opinião)

Opinião:

Madre Paula, romance histórico sobre a vida de uma jovem, que aos quinze anos o pai enviou para o Mosteiro de São Dinis, em Odivelas, para se tornar freira, longe de imaginar que seria famosa e conhecida por se ter tornado na amante do Rei D. João V.

Reza a história que D. João V gostava de mulheres bonitas e tinha uma vida repleta de aventuras amorosas, mas foi por esta mulher, Paula, que o seu coração ficou preso.

Paula ao contrário do que seria de pensar, nunca foi uma mulher que se subjugasse perante os outros, a sua determinação era enorme, sabia muito bem aquilo que queria para si, e mesmo estando num convento (colocada pelo pai e não por vocação), a sua vivência nele nunca foi a de uma freira normal, apesar de outras também pecarem ao dar o seu corpo aos homens.

Paula, quando conheceu o Rei e vice-versa ficaram arrebatados um pelo outro, a sua paixão era enorme, uma relação que chegou a ser conturbada, mas Paula tinha o Rei nas mãos, ela conseguia o queria dele.

A autora dá-nos a conhecer uma protagonista forte, sem escrúpulos, se a atingissem ela também mais tarde ou mais cedo atingiria a outra pessoa, mesmo que com isso precisasse da intervenção do Rei para a ajudar.

Teve uma vida luxuosa dentro de um local humilde e pobre, o Rei transformou uma parte do mosteiro, em instalações sumptuosas, cheias de luxo para a sua amada o receber.

"Para compreender a minha história, é necessário reportar ao que se passava no reino naqueles primeiros anos de mil e setecentos. Do Brasil, chegavam diamantes e ouro. De África, escravos e marfim."

Esta narrativa conta-nos o que se passava no mosteiro, o que permitiam e o que escondiam dentro das paredes dos mesmo. Apesar de ser um local de devoção a Deus a promiscuidade era permitida, sendo que as ordens de um Rei eram soberanas.

Uma história de amor envolvente, com uma personagem que nos conquista, pela sua personalidade forte e peculiar, com um enredo baseado em factos verídicos, que ainda a tornam mais fascinante, um amor intenso mas proibido, que apesar de saber que nunca viveria com o homem que amava, sabia que era Rainha no seu coração, um amor que durou treze anos, um amor conturbado, que podia ter terminado mal.
"Uma plebeia tratada como um princesa. Tive os destinos de uma nação entre os lençóis."

Um romance histórico muito bem escrito, que marca o percurso de uma personagem histórica espectacular, com cenários adequados à época, com um notório trabalho de pesquisa, contada de uma forma cativante, a escrita da autora é fluída, lê-se num ápice, os amantes do género vão gostar tanto como eu. Muito bom. 

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