Odete - Fale-nos um pouco sobre si.
Pat R - A pergunta mais difícil desta entrevista. A minha
vida são os meus livros, de uma forma ou de outra, está tudo lá.
Odete - Como surgiu a escrita na sua vida? E já agora como surgiu a ideia de escrever um
livro?
Pat R - A escrita é
algo que me acompanha desde muito cedo. Criar histórias foi sempre a forma
natural de me expressar, seja na criação onírica de cenários que me faziam
fantasiar, ou na transposição do meu inferno para outras vidas e saber lidar
com ele. Tenho memória de ser muito pequena e de ter um dossier que levava para
todo o lado, onde guardava as histórias que criava e é curioso que
independentemente do meu percurso profissional durante os anos passados, a
escrita manteve-se lá, como uma necessidade física. Escrever um livro surgiu
como uma etapa essencial para a exploração da técnica em si, quando senti que
estava preparada para tal, ou quando as personagens me arrastaram até esse
final.
Odete - Publicou "O Pijama da Gata", onde é que se
inspirou para escrever o seu livro?
Pat R - O Pijama da
Gata, tal como o Inércia, partiu de um conflito emocional que vivia na altura.
A forma mais fácil (e a única possível) de falar sobre ele, foi através de um
narrador que me permitiu o distanciamento da história, essencial para a contar.
Tal como no Inércia, fui guiada pelos contornos das personagens, que, com o
passar do tempo, se tornaram reais e decisivas no desenrolar da história.
Resolver esse conflito, naquele mundo, permitiu-me resolvê-lo neste. E uma
história concluiu a outra.
Odete - Como foi o percurso até ver o seu primeiro livro
publicado?
Pat R - Depois de
acabar o ensino secundário, tive um percurso profissional e pessoal um pouco
instável. Andei perdida durante algum tempo, profissionalmente sentia-me
irrealizada e com alguns problemas pessoas que criaram histórias e contribuíram
para essa incerteza. No entanto, a escrita esteve sempre lá, e para além de ser
um porto seguro, foi a salvação na maioria desses infernos. Perceber que a
escrita era a única coisa que eu tinha foi uma realização necessária para ter a
confiança que tenho agora e para deixar estes dois livros sair para o mundo.
Odete - Gosta de ler? Quais os seus autores favoritos
portugueses e estrangeiros?
Pat R - Confesso que não leio muito Literatura Portuguesa.
Gosto muito de todos os autores da Beat Generation, William S. Burroughs, Jack
kerouac, Allen Ginsberg, Hunter S. Thompson, Kathy Acker, Charles Bukowski,
autores contemporâneos como Douglas Coupland, Chuck Palahniuk, Bret Easton
Ellis, Philip Roth, Irvine Welsh, Thomas Pynchon, Jennifer Egan, autores mais
clássicos Fitzgerald, Hemingway, Kafka, Marguerite Duras, Faulkner, Huxley.
Odete - Existe algum autor que influenciou, ou a inspira na
sua escrita?
Pat R - Todas as
informações que absorvo, sejam ela literárias, cinematográficas, musicais ou
artísticas de qualquer outra natureza ou memória visual e sensorial influenciaram
profundamente a minha produção literária.
Odete - Acha que é difícil ser escritor em Portugal? Ou
sente que os leitores estão receptivos aos autores portugueses?
Pat R - Ser escritor
em Portugal é tão difícil como em qualquer outro sítio do mundo. Viver da
escrita, sem dúvida que o é. Para além do mercado literário ser uma poça
minúscula, comparativamente a outros países, os intermediários entre os
escritores e leitores não são de fácil acesso. A recetividade aos autores
portugueses é, na minha opinião, muito semelhante ao que acontece com a maioria
dos produtos artísticos nacionais. É quase preciso uma creditação internacional
para ela acontecer cá dentro.
Odete - Tem mais algum projeto literário para breve?
,,,
Pat R - Tenho sim. O
meu próximo livro, Os Homens Nunca Saberão Nada Disto, vai sair em Dezembro,
com muitas novidades e com um projeto em destaque, que vai ser uma experiência
nova na Literatura. Sendo algo que habitualmente não acontece na Literatura,
vou fazer o cruzamento de várias áreas artísticas - entre elas a música, a
pintura, a ilustração, a fotografia, com a Literatura. Vou lançar,
simultaneamente ao romance, um livro de extras (que vai funcionar como um dvd
de extras – relativamente ao formato) e que vai ser um complemento visual para
o romance. Os ilustradores (entre 15 a 20, nacionais e internacionais) vão
recriar o universo das personagens e fazer várias interpretações das mesmas
(tendo em conta os diferentes estilos pessoais de cada um) e os músicos vão
fazer um cd, que servirá como a recriação de um álbum que o protagonista faz em
1969. A música é um elo de ligação entre as personagens do livro, sobretudo a
dos Led Zeppelin, que ligam os protagonistas cosmicamente. Podem acompanhar o
desenvolvimento deste projeto (e ajudar) a nossa campanha de crowdfunding em,,,
https://www.indiegogo.com/
ou na minha página de autora do facebook, onde
partilho as diferentes novidades relativas ao projeto, apresentações e outros
assuntos ligados ao meu trabalho.
https://www.facebook.com/ thepatr
Odete - Para terminar,
deixe uma mensagem aos nossos leitores.
Pat R - A escrita cura.
Odete - Muito obrigada pela sua disponibilidade, a
equipa do Destante deseja-lhe muito sucesso!
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