Opinião:
Imagine que abre um livro, começa a ler, e depara-se com uma protagonista cuja a história de vida é igual
à sua, um episódio pelo qual passou e que esconde há 20 anos das pessoas que a
rodeiam, nunca contou a ninguém, um segredo que não quer ver revelado.
É o que acontece à personagem desta narrativa, Catherine, vive
uma vida aparentemente tranquila, confortável juntamente com o marido, sozinhos, pois o único filho do
casal já saiu de casa, tudo corre bem até o dia em que abre um livro intitulado
O Perfeito Desconhecido, e se revê na
sua história, a partir desse dia a sua vida começa a desmoronar-se, fica totalmente de
pernas para o ar.
Longe de imaginar que algum
dia o seu segredo obscuro poderia vir ao de cima, acaba por descobrir que afinal
existe alguém que sabe algo sobre o que
aconteceu há 20 anos, e pior que isso, vive completamente obcecado em destruir a sua vida, e de facto consegue atingir os seus objectivos.
Narrado a duas vozes,
através de Catherine e do autor do livro O Perfeito Desconhecido, o leitor é
arrastado por uma espiral de acontecimentos que não deixam de ser arrepiantes,
que nos levam por caminhos sinuosos, a fazer julgamentos e a criar juízos na
nossa mente completamente errados. Não devíamos esquecer que numa história
existe sempre duas versões, e não acreditar logo naquilo que nos parece óbvio.
Com personagens
complexas, pelas quais não se sente grande empatia, mas que nos envolvem através desta
história perturbadora, a autora criou este thriller psicológico que habilmente nos
engana, que nos desnorteia, bem estruturado, inteligente, faz com que entremos numa espiral de acontecimentos
em que somos apanhados desprevenidos, enganados, pois envolve segredos, vingança, mas também vem ao de cima alguma disfunção familiar, o que pode desintegrar uma família quando esta não está preparada para aceitar certos actos praticados no passado por alguém em quem se confiava.
Com um final cheio de tensão
que nos apanha desprevenidos, nada prepara o leitor para a reviravolta que o mesmo dá,
não se está à espera de um desfecho tão surpreendente.
Mas é precisamente isso que eu gosto num bom thriller psicológico, que jogue com o leitor, que
nos engane, e a autora conseguiu isso sem dúvida com este livro - Pura Coincidência. Gostei muito. Recomendo.
Parabéns pela capa da edição
portuguesa, da autoria de Pedro Aires Pinto, está espectacular.
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