15/05/2016

Vidas Esquecidas, de Diane Chamberlain



Opinião:
Embora as personagens deste livro sejam fictícias (assim como a localidade Grace County), o Programa de Eugenia não o foi, existiu entre 1929 até 1975, na Carolina do Norte, o programa tinha como alvo um grupo muito especifico de pessoas.
Decorre o ano de 1960, na zona rural de Grace County, Ivy Hart tem apenas 15 anos, tem epilepsia, cuida da avó debilitada, da irmã mais velha que sofre de uma doença mental, e do sobrinho, trata da casa, trabalha nos campos de tabaco e frequenta a escola.
Jane Forrester, formada, acabou de se casar com um médico, e contra a vontade do marido e a apesar de não precisar, quer trabalhar como assistente social, ajudar pessoas, é uma idealista, nem sonha com o que se vai confrontar quando visita pela primeira vez pessoas necessitadas na zona rural de Grace County, quer brancos, quer negros.
Jane vê-se confrontada com uma realidade dura como nunca tinha visto, entra num mundo de pobreza do qual não fica indiferente, incapaz de distanciar-se, embrenha-se nos problemas destas famílias necessitadas, vê-os como são, seres humanos com sentimentos, sonhos e necessidades. E ao envolver-se emocionalmente com essas pessoas descobre segredos obscuros que colocam a sua ética moral em causa, e num dilema, será que as pessoas têm o direito de saber o que o estado lhes faz? será que deve contar a verdade? como é que sabe se está certa naquilo que acredita quando todos lhe dizem que está errada? A verdade é que sua vida nunca mais será a mesma depois de se envolver.
Narrado a duas vozes, através de capítulos intercalados, por duas personagens que são o oposto uma da outra na sociedade, Jane e Ivy, ambas levam-nos por uma história extremamente comovente, sabemos que as personagens são ficcionais, mas a história é baseada em facto reais, o programa Eugenia existiu, e é arrepiante precisamente por isso, saber o que faziam às pessoas sem o consentimento das mesmas, desde que reunissem as condições sócio-económica, raça, sexo, ética e doença mental, necessárias.
Esta autora é uma excelente contadora de histórias, gosto da forma como escreve, pois envolve-nos emocionalmente na vida dos personagens, houve alturas e partes do livro que ficava a pensar se não seria melhor omitir a verdade às pessoas do que revelá-la tal era o impacto das consequências. Foi uma leitura intensa e emocionante, é impossível ficar indiferente a esta narrativa, que aborda questões morais de um período negro da história da América, um livro que nos deixa a pensar, recomendo sem dúvida alguma.


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