Livro, José Luís Peixoto (Quetzal)
Sublinho dois pormenores: a coragem de ter romanceado a história da emigração portuguesa para a Europa nos anos sessenta do século XX, e as condições em que esta ocorria; e o estilo da escrita. Poderíamos estar à beira de um romance neo-realista, manchado de lugares comuns, mas JLP dá ao texto, às personagens e às situações, uma pincelada de português moderno.
Anjo Branco, José Rodrigues dos Santos (Gradiva)
Há quem se canse de maldizer de José Rodrigues dos Santos. Cada um terá as suas razões. Mas todos os anos, gostemos ou não, temos um livro novo com mais de 600 páginas para degustar. E cada novo livro vem bater alguns recordes de vendas anteriores: porque os leitores gostam, e se assim é porque os textos têm qualidade. Este é um livro que pretende ser um romance histórico puro, tal como JRS tinha feito em A Filha do Capitão e A Vida num Sopro, livros que se distanciam de uma faceta mais ficcionada, como por exemplo Codex 632 ou A Fórmula de Deus.
O Livro da Consciência, António Damásio (Temas e Debates)
Mais um livro do mundialmente reconhecido cientista da mente, português de Portugal. Um livro para se ir lendo e lendo.
Histórias Daqui e Dali, Luís Sepúlveda (Porto Editora)
Já elogiei por diversas vezes este autor de origem chilena. Neste livro, somos confrontados com mais histórias que se misturam com crónicas, opiniões, episódios, emoções, fragmentos de uma vida cheia, que o autor deseja partilhar com os leitores. Sepúlveda tem capacidades de escrita incomparáveis, surpreendentes e reconhecidas. Acredito que, criadas determinadas circunstãncias, poderá vir a ser um dia Prémio Nobel.
Aviso: é um escritor assumidamente de esquerda. Mas qual é o problema?
O Sonho do Celta, Mário Vargas Llosa (Quetzal)
Vargas Llosa foi agraciado com o Prémio Nobel. Até aqui tudo bem. Mas apenas uma pequena minoria acompanhou a obra deste escritor sul-americano até há bem pouco tempo. O Sonho do Celta veio agudizar o interesse e a procura deste autor, que, em minha opinião, nunca terá a expressividade e importância de um Gabriel Garcia Marquéz.
Extra-lista:
Ao Cair da Noite, Michael Cunnigham (Gradiva)
Aconselho a leitura.
Bom 2011. Com bons livros e boas leituras!
4 comentários:
Excelentes sugestões, Luís. Já anotei para ler pelo menos o Damasio (tenho lido excelentes críticas) e Vargas Llosa.
Nunca li nada de Cunningham. É mais um para a lista.
Uma boa lista com excelentes sugestões,destes livros irei ler no proximo ano "Livro" de JLP que foi deixado para trás. quanto a José R. dos Santos... eu não gostei de codex, e nunca mais li nenhum, contudo as críticas são sempre boas, cá por casa abundam todos os seus livros, exceptuando este último, vou dar o beneficio da dúvida e tentar voltar a lê-lo quem sabe durante 2011.
quanto a cunningham li as horas e uma casa no fim do mundo,que achei um pouco surrealista.
quanto a vargas llosa, ainda não li este último, mas gostei bastante de a tia júlia e o escrevedor e travessuras da menina má.
desejo um excelente 2011 para toda a equipa do destante que continuem a contribuir com as vossas opiniões que tanto prazer nos dão ler.
Feliz Ano Novo.
A minha listinha vai crescer em 2011, mas tenho de fazer contenção nas compras!!
Paula
De José Rodrigues dos Santos li "A Filha do Capitão" e o "Codex 632". Achei o primeiro interessante, os factos históricos bem entrosados na ficção. Quanto ao "Codex", nem é bom falar. A temática é, sem dúvida, fascinante: terá Cristóvão Colombo, ou Cólon, sido português? Mas, em termos de romance, com pretensões a thriller, uma catástrofe! Do pior que já li. Fiquei sem vontade de ler mais do autor, mas espero sinceramente que o "Codex" tenha sido uma espécie de percalço na sua carreira.
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