(contem spoilers)
A sinopse deste pequeno grande conto refere o seguinte: "parábola poética sobre as grandezas e as misérias do mundo", realmente esta frase caracteriza toda a história.
Kino não tem nada na vida a não ser a sua mulher, o seu filho e uma canoa. Canoa esta que lhe permite trazer comida para a sua casa, ou melhor dizendo, para a sua cabana. Com o pouco que tem é feliz, e a canção da família soa-lhe calma, alegre e tranquila até ao dia em que um escorpião pica o braço do seu filho, então a canção do inimigo começa a inundar-lhe a mente.
Kino e a mulher, acompanhados por todos os amigos da zona das cabanas (gente pobre) correm à casa do médico a solicitar ajuda para o seu filhote doente e moribundo!
O médico estava com seu roupão de seda importado, a tomar o seu chá na mais fina das chávenas. Ao ser interrompido pelo seu criado devido ao pedido de auxílio, refere que é médico e não veterinário e por isso não iria tratar do filho de ninguém.
Kino, não vendo outra saída para que o médico o atendesse, sai para o mar, com o intuito de recolher ostras com o objectivo de encontrar alguma pérola para pagar os serviços daquele que era capaz de cuidar do seu filho. A sorte está do seu lado e encontra "a pérola do mundo"... uma pérola muito valiosa...
É então que toda a vida de Kino muda e não é para melhor!
Quando se espalha a notícia de que "a pérola do mundo" foi encontrada, todos sentem algum interesse por Kino, todos têm algo para pedir e outros têm algo para vender, o nosso personagem para a ser perseguido e sente-se ameaçado.
Porém, o seu grande sonho é dar instrução ao filho, dar o que não teve. Eu não diria que esta é uma grande ambição, é apenas uma ambição justa, uma ambição que qualquer pai tem, mas a mesquinhez do povo e a sua ganância não deixam Kino levar o seu sonho a bom porto. O seu filho, depois de já estar curado da picada do escorpião morre, morre com um tiro.
Ora, com este final para Kino e sua esposa, podemos fazer mais uma leitura da história, para além da mesquinhez e inveja, que se refere à ganância de Kino. Se este se tivesse contentado com o valor inicial oferecido pela pérola (um valor baixo, um valor claramente irrisório) o seu filho não teria falecido do modo que faleceu. No entanto, Kino tinha, a meu ver, todo o direito a lutar pela única coisa que poderia salvar a sua criança da miséria.
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Uma leitura que aconselho, porque como diz no seu início "se considerarmos esta história como uma bola, talvez seja possível extrairmos dela uma moral e descobrirmos nela a própria vida"
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Comentário também publicado no blogue http://viajarpelaleitura.blogspot.com
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