A minha opinião:
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"As minhas narrações de filmes arrancavam-nos àquele nada acre que era o deserto e, ainda que fosse só por um bocadinho, transportavam-nos para mundos maravilhosos, plenos de amor, de sonhos e aventuras. Ao contrário do que acontecia vendo-os projectados num ecrã de cinema, nas minhas narrações cada qual podia imaginar esses mundos à sua vontade"
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Hernán Rivera Letelier conta-nos a história de uma comunidade pobre de Pampas (Chile), a pobreza é factor comum a todos os habitantes. Nesta comunidade, há uma família de 5 filhos que foi abandonada pela mãe, após o acidente laboral do pai. Esta família adorava ir ao cinema, contudo o dinheiro da pensão de invalidez mal dava para a comida quanto mais para 6 bilhetes. Como agravante, agora o pai estava paralítico devido ao acidente e como tal, não tinha como se transportar. A necessidade e o muito querer aguça o engenho e Maria Margarita (filha) é a eleita para ir ao cinema e na vinda contar à família o filme.
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"Era lindo, depois de ver o filme, encontrava o meu pai e os meus irmãos à minha espera em casa, ansiosos, sentados em fila como no cinema, penteadinhos de fresco e com roupa mudada"
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Margarita, conta os filmes com entusiasmo e paixão, encarnando cada personagem como se ela própria estivesse no filme. Para aumentar a sua interpretação, começa também a usar adereços. A sua fama de contadora de filmes alarga-se a toda a comunidade e, certo dia, quando volta do cinema, para além dos seus irmãos e pai, encontra também os seus vizinhos sentados em fila na sua casa para a ouvir.
Maria Margarita apercebe-se que muitos do que iam assistir à sua narração também tinham ido assistir ao filme. O que a leva a pensar que as pessoas gostam de ouvir histórias, gostam de viajar e imaginar a história ouvida.
No entanto, o progresso também chega a Pampas e a TV aparece e é instalada num dos bares. Margarita vê-se assim sem audiências para as suas narrativas.
Hernán Rivera Letelier, mostra-nos as dificuldades da comunidade de Pampas, a sua mentalidade, o seu modo de vida, assim como os seus sonhos. Mostra-nos essencialmente o Homem como um ser de sonhos e como consegue ultrapassar qualquer barreira para os concretizar..
Uma leitura leve e descontraída, um livro que se lê num par de horas.
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Sinopse:
Quando María Margarita ganha aos quatro irmãos um concurso inventado pelo pai, inválido devido a um acidente, que consistia em saber quem contava melhor um filme depois de o ter visto, o que começa por ser um ritual familiar rapidamente acaba por se tornar um acontecimento em toda a povoação, à medida que os relatos da contadora de filmes ganham fama e um público cada vez maior os aguarda, impaciente. Através da história desta «fazedora de ilusões», Hernán Rivera Letelier capta a vida no deserto chileno nos tempos áureos do cinema, criando um romance encantador na sua simplicidade e contundência.
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Sobre o autor:
Hernán Rivera Letelier nasceu no Chile em 1950. Catapultado para a fama com o romance A Rainha Isabel Cantava Rancheras, é autor de diversos romances multipremiados que se encontram publicados em vários países. Em 2001 foi nomeado Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras pelo Ministério da Cultura de França.
1 comentários:
Deve ser um livro extraordinário.
O teu comentário fez-me lembrar o filme Cinema Paraíso. Conheces, Paula?
" o Homem como um ser de sonhos e como consegue ultrapassar qualquer barreira para os concretizar.."
Acredito nisso.. :)
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