11/07/2011

Escritores Russos: onde param os génios?

Nikolai Gogol (falecido em 1852), Fiodor Dostoievski (1881), Ivan Turgueniev (1883), Anton Tchekhov (1904), Léon Tolstói (1910), Máximo Gorki (1936), Boris Pasternak (1960), Vladimir Nabokov (1977), Alexander Soljenítsin (2008), são talvez os mais consagrados escritores russos. Na minha opinião, a literatura russa é a mais rica do mundo. No entanto, há algo de perturbador na ordem cronológica dos “astros” que nomeei acima.
Penso que estarei muito longe de ser o único a subscrever esta opinião: Gogol, Dostoievski e Tolstoi foram os melhores dos melhores. Os reis dos astros. No entanto, o que têm eles em comum? Todos eles viveram na Rússia quase feudal pré-revolução. Por outro lado, a miséria da população é um traço comum dos romances destes três génios.
Onde quero eu chagar com isto? É fácil: parece-me que a grande literatura se dá bem com um contexto económico e social de miséria e desgraça. Será mesmo assim?
É que depois de Tolstoi, tivemos ainda um período de escrita revolucionária com algum destaque, principalmente em Gorki. A partir daí, o estalinismo encarregou-se de abafar a genialidade.
No entanto, a ditadura não explica tudo: uns 3 ou 4 anos após a morte de Nabokov, nasceu a Rússia democrática. E nem por isso renasceu a genialidade literária. Talvez as marcas da ditadura tivessem permanecido até ao presente…

4 comentários:

Ângelo Marques disse...

Excelente ponto de vista Manuel, a meu ver se Portugal estiver alinhado pela Rússia grande nomes da literatura estão para surgir...

Concordo contigo este velho monstro da literatura mundial está adormecido esperemos que alguém o desperte!

um abraço

Lauh disse...

Penso que as grandes obras, sejam elas literárias ou de outro género, surgem sempre em épocas terríveis para os humanos pelo simples facto de serem necessárias. Ou seja, num momento de paz (ainda que aparente), em que as coisas caminham pelo melhor, as pessoas não sentem uma grande necessidade de ver ideais contrariados nem de serem chamadas para a realidade: tudo está bem. Quando chegam situações de crise/ditatura, chega a necessidade de desabafar o que está mal, de fazer as sátiras e avisos que muitos ignoram ou tentam ignorar. Penso que seja esse o motivo principal... Só espero é que não seja preciso uma 3ª GM para que surjam mais génios...

Manuel Poppe disse...

Como todos, ou quase todos os jovens portugueses, abri para a Literatura com... os russos... há muitos anos, está claro...

E o que nunca esperara, aconteceu: viver 4 meses, em Moscovo, viajar, ir a Yasnaia Poliana, a São Petersburgo... bater à porta de Tolstoi, Dostoievski... Tchekov...

Conviver com a gente que, HOJE, lá vive.

E o que posso dizer é o seguinte: a Santa Rússia ferve, cria, avança...

o Espírito eslavo não morreu nem renasceu: continua.

Eles estão na forja, os grandes artistas russos: escritores, pintores, músicos...

Luís Miguel disse...

Pessoalmente, acho que para se começar a ler os grandes nomes da literatura russa, tem que se estar preparado pois não é fácil. Como li "Guerra e Paz" um pouco cedo de mais, acho que me passou parte do livro ao lado. Nada como uma segunda leitura! Espero em breve tentar ler "Os irmãos Karamazov", de Dostoiesvski que já está em espera há algum tempo. Vamos ver, como país "emergente" que é, o que a Rússia nos reserva para o futuro.