24/07/2011

O Culto da Tristeza

Há escritores que, por natureza, nos parecem sempre tristes, melancólicos, deprimentes. Mas às vezes eles são verdadeiros génios.
Todos conhecemos a “nossa” Florbela Espanca com os seus poemas revoltados e melancólicos. Mas também alguns e bons prosadores cultivaram e cultivam o que de belo há na tristeza. Estou a lembrar-me de António Lobo Antunes e José Luís Peixoto.
Ao nível da grande literatura mundial surgem-me na memória dois grandes nomes: L. F. Celine e J. M. Coetzee.
Até que ponto seremos nós leitores algo masoquistas ao ler estes autores sabendo que vamos sofrer com a leitura?
A leitura deve ser um prazer. No entanto, sempre que termino um livro de Lobo Antunes ou Coetzee, não consigo evitar esse contágio. Serei eu que estou errado na perspectiva que utilizo ao ler? Por outras palavras: conseguirá um leitor atento afastar-se dessa tristeza, não se deixar envolver?
Ou deverei encarar esta tristeza como um prazer?

6 comentários:

Isabel disse...

Os livros "com tristeza" também nos ensinam e ajudam-nos a compreender os nossos sentimentos e os dos outros, ou seja: um pouco do mundo. Não é?
Um abraço
e bom domingo

Cristina Torrão disse...

Por mais contraditório que pareça, a tristeza também pode ser um prazer. O que não implica ser masoquista. É um sentimento conotado negativamente, do qual se tem medo, mas faz parte da vida. Por isso, muitos psicólogos acham que se deve viver a tristeza, em vez de a recalcar, o que, na sua opinião, trará mais problemas.

Talvez livros desses nos façam bem por essa razão: dão-nos a oportunidade de nos sentirmos tristes.

Ângelo Marques disse...

Então Manuel,
Só mesmo tu para me colocares os neurónios a fervilhar logo pela manhã...
Por mim digo-te que se um livro me deixa triste é assim que quero ficar como o oposto acontece quando leio algo divertido é só sorrisos, e sabes deixo-me mesmo envolver pelo assunto tento é evitar o contágio a terceiros.
Por norma encaro os sentimentos como lições...
um abraço

Unknown disse...

Acho que estamos todos de acordo com a Cristina: a tristeza é para ser enfrentada e vivida como parte integrante da vida.
E a literatura é o espelho da vida.

Cristina Torrão disse...

Já agora, queria destacar essa grande frase do Ângelo: "encaro os sentimentos como lições" :)

Anónimo disse...

Descobri que alguns de nós cultivam de facto a tristeza e a depressão. Seremos os seguidores do Romantismo onde as taxas de suicídio eram elevadas? Por mais qualidade que tenham os autores referidos, e outros, recuso liminarmente, já nem teria estômago! Nesta vida actual quase sucumbi e tem sido uma luta gigante para me livrar da mística atracção pela escuridão... pesquisem e pensem nisso. Não há emoção mais destruidora do que a tristeza, não quero mais, vá de retro