11/01/2012

Lemos, lemos e lemos e esquecemos


Hoje em dia fazemos das leituras um modo de vida muito similar ao fast food, lemos extensivamente, lemos e lemos. Reparo muitas vezes que o importante, aparentemente, é ler e ler, páginas e páginas um acumular de pontos para uma satisfação pessoal um desejo de vitória, supremacia sobre o meu eu.
Quem neste mundo anda, o mundo do gosto pela literatura, vê que com tantos livros/temas/publicações/autores/edições nunca conseguiremos ler tudo que existe e ficamos tristes com isso, desejamos que o relógio pare durante as leituras, desejamos a possibilidade de ler durante o sono. Um mundo muito rápido de mudanças constantes um mundo sem intervalos enfim um mundo sem repetições.

Lemos, lemos e lemos e esquecemos... quantas vezes já aconteceu após alguns anos (até meses) não nos recordamos de 80% a 90% dos livros lidos? então ler para quê? pelo prazer? será que isso vos incomoda?, ler para esquecer.

Será que a qualidade da leitura se tornou um aspecto menor? Dou por mim a dizer, tantas vezes, tenho que reler este livro mas depois contam-se pelos dedos os livros relidos, avanço para o esquecimento e leio mais.
O facto de esquecer aquilo que leio não me vai impedir de continuar a ler, mas é deprimente.
 
inspiração vinda daqui

7 comentários:

Unknown disse...

Olá Ângelo
foi EXACTAMENTE por isso que, há 8 anos, criei o meu blogue. Durante seis anos ele foi apenas o meu registo de leituras, para memoria futura. Digamos que um anti-PDI :)
Seja como for, acho que os grandes livros, mesmo que passem muitos anos, mesmo que esqueçamos a maior parte do enredo, deixam sempre o seu rasto.
Além disso, mesmo que venhamos a esquecer, LEr é acima de tudo um prazer.

Isabel disse...

Fico às vezes desesperada, porque mesmo um livro que li há pouco tempo, parece que poucos dias depois já não lembro nada, mas acho que além do prazer de ler, no nosso sbconsciente, vai ficando a marca de tudo o que lemos. A nossa maneira de pensar, de reagir perante as situações, não duvido de que é muito influênciada pelas leituras que fomos fazendo ao longo da vida.
Ajudaram na nossa formação.

Paula disse...

Olá Ângelo,
Tens razão em tudo que dizes. Mas temos de ler muito, porque há muito e há tão pouco tempo!!
O pior, é que com a sede de conhecer autores novos, nós esquecemos os outros!!
Como fazer?
Eu leio e tiro frases chaves para um caderno ou faço um resumo.
Os livros que realmente foram importante para nós, nós não esquecemos integralmente :) aqueles que não nos dizem nada, esquecemos :) mas se não nos dizem nada para quê guardar o registo??
Abraço

Ângelo Marques disse...

Manuel,
Agora já existem (para além dos blogs e da velhinha folha de excel) tecnologia para catalogar todas as nossas leituras para catalogar toda a nossa vidinha se necessário.
Mas como dizes aquele rasto a marca daquela leitura fica eternamente.

Isabel,
Penso que as leituras que nos marcaram realmente ficam na nossa MLP (memória longo prazo) e sempre que necessitamos é só recuperá-las, tal como dizes até um mau livro nos ajuda a formar, moldam o nosso pensamento mesmo que depois se esqueça tudo.

Paula,
Pouco tempo e muito para ler é o sintoma da nossa sociedade (que cada vez me decepciona mais) não só na leitura...
Com o teu comentário fizeste-me lembrar um escritor que dizia que para se lembrar dos seus livros colocava a sua opinião na contracapa do livro, assim nas entrevistas era mais fácil ele falar dos seus próprios livros ;)

susemad disse...

Ainda hoje me lembro de histórias de livros que li na minha juventude. Tenho uma boa memória! :) O enredo principal e os personagens marcantes ficam sempre. Não dá para esquecer.
Um dia tudo se perde, mas até lá, pelo prazer de ler, temos de continuar a desfrutar destes momentos literários.

djamb disse...

Recentemente reflecti sobre este assunto, por ter encontrado no Goodreads leitores cujo objectivo para 2012 é a leitura de 150/200 livros. Isso para mim é impensável, sobretudo porque não tenho tempo nem disponibilidade (e, por vezes, vontade) para ler tanto quanto gostaria e precisaria. Será que isso não contribui para o esquecimento ainda mais rápido do que lemos retirando, consequentemente, a importância ao que lemos?

Mas, mesmo que este objectivo seja tangível, o que sobra dos livros que lemos? A história marca, as personagens mudam-nos, a moral fica e o conhecimento preenche-nos? Infelizmente não me recordo de todos os livros que li ou de pormenores marcantes no enredo mas, mesmo assim, procuro ler sempre ao meu ritmo e tento sempre saborear cada leitura para que o livro se prolongue no tempo, mesmo depois de lido.

Ana C. Nunes disse...

Tenho de concordar com o que o Manuel comentou e acho que é pouco por isso que todos (ou quase) os blogs de leitura nascem.
Ler só para se poder dizer que leu muito, é mau se nos tira o prazer da leitura, mas não é mau o desejo de se querer ter mais tempo para ler. É sinal que se gosta do acto da leitura e do que as histórias contém.
No final, se pensarmos bem, também nos esquecemos de muitas outras coisas com o passar dos anos, por isso os livros não devem ser excepção.