Uma mulher dá à luz uma criança que ao chorar pela 1ª vez, a mãe percebe o seu lamento, a sua tristeza, o seu tormento.O tormento do bebé, o tormento de toda uma família: esta criança nunca verá o sol, o ribeiro, os pássaros... essa criança será apenas capaz de sentir o vento, o sol...
Esta é uma obra que foi escrita em 1886, uma época marcada pelo romantismo, onde impera o sofrimento do "eu" e onde a natureza tem uma interferência enorme neste mesmo sofrimento.
A criança invisual, raramente é tratada pelo seu nome, mas quase sempre pelo "ceguinho". O ceguinho sofre pelo seu destino aquando do seu nascimento e sofre sobretudo com e perto da natureza. Os sons da Primavera suscitam nostalgia, os do Verão melâncolia... Percebe-se que nesta época, ser invisual, era ser portador de uma desgraça, desgraça esta que se alastrava por toda a família. Os sentimentos são fortemente centrados na personagem que sofre, chegam mesmo a ser enaltecidos.
Esta é uma narrativa marcada por dois personagens muito importantes para Pedro (o "nosso" cego), são eles: a mãe - que o protege demasiado e o tio Máximo (um militar inválido e reformado) que vê na criança cega um incapacitado como ele. Não querendo que Pedro seja tratado e considerado como tal, Máximo centra-se na sua educação, tornando Pedro autónomo. Aos poucos Pedro desenvolve o seu gosto pela música, tornando-se capaz de tocar de acordo com as suas emoções, sejam elas de frieza ou de amor e paixão.
Pedro sofre demasiado e pode-se dizer que é um sofrimento amado. Há todo um prazer no drama que vive, até que um dia Pedro será posto à prova e irá ver que a sua vida foi bafejada pela alegria de viver, de amar e ser amado!
Esta foi uma leitura que adorei!
Comentário também publicado no bogue ...viajar pela leitura...
0 comentários:
Enviar um comentário