Opinião:
No
Calor dos Trópicos”, um livro de Flávio Capuleto é uma narrativa que nos
transporta para uma época entre 1875 e
1889, época essa, em que Portugal detinha colónias em África e no Brasil. Este
foi um período agitado para Portugal, pois com a previsão da abolição da
escravatura e, posteriormente, com a concretização desta mesma abolição, os
Colonos emigrantes no Brasil viram a mão de obra barata escapar-se. Viram as
suas fazendas falidas e as suas riquezas ameaçadas!
É
certo e sabido que mesmo após a abolição da escravatura, os portugueses
detentores de grandes fazendas no Brasil e em África continuaram a lidar com os
seus funcionários como se de escravos se tratasse. Situação esta que culminou
com greves e mortes entre patrões e funcionários que não eram reconhecidos como
tal, mas sim como escravos. Pois, no entendimento dos proprietários das
fazendas, não poderia ser de outra forma para que houvesse sucesso garantido na
produção.
D.
Luís em Portugal e D. Pedro no Brasil tentavam apaziguar os ânimos dos
detentores de mão de obra escrava sem sucesso.
A
par da História que nos é transmitida nesta obra, temos uma outra história, uma história de amor proibido - a de Afonso e
Leonor. Leonor uma mulher casada com um dos homens mais ricos e poderosos tanto
de Portugal como do Brasil e Afonso, médico, destacado como cônsul de Portugal
no Brasil, com o propósito de transmitir aos colonos portugueses as vantagens da
introdução de uma nova cultura e de novos hábitos para com a mão-de-obra
escrava.
A
história de Afonso e Leonor vai acontecendo naturalmente tendo como pano de
fundo a época um tanto conturbada que se vivia em Portugal entre 1875 e 1889.
Em
todo o romance nota-se uma exaustiva pesquisa histórica. Não consegui deixar de
comparar este romance ao “Equador” de Miguel Sousa Tavares, pois revelam muitos
pontos em comum.
.
Sinopse:
A queda abrupta de produção de café no nordeste
brasileiro estava a arrastar os fazendeiros para a derrocada financeira. Na
tentativa de solucionar o problema da falta de remessas, o rei D. Luís convida o
Dr. Bragança dando ao seu cortesão a oportunidade de ouro de escapar a uma
eventual pena de prisão por crime de adultério. Mas como se o destino reservasse
uma armadilha ao novo diplomata, a amante viaja para Petrópolis na companhia do
marido continuando ali a sua relação escaldante com o cônsul. Alertado para a
traição contínua de sua esposa, D. João frutuoso, o magnata mais poderoso do
Reino, banqueiro da casa real e da Coroa Brasileira, prepara uma emboscada ao
diplomata, não só para o afastar dos braços de Leonor, mas também para poder
exercer livremente o seu poder sobre os negros da roça e a sua vocação
esclavagista. Um golpe inesperado dita a sorte dos amantes envolvidos nas malhas
do destino.
.
Sobre o autor:
Flávio
Capuleto, pseudónimo literário de Flávio Luís de Jesus Costa, nasceu no concelho
de Oliveira de Azeméis, distrito de Aveiro, a 29 de Novembro de 1942. A sua
paixão pelos livros manifestou-se cedo, levando-o a publicar diversos romances,
edições de autor, que vendeu directamente ao público. Ganhou também a vida como
vendedor de colecções de literatura universal.
Conheceu
a amarga experiência da Guerra Colonial, sendo-lhe concedida a Medalha
Comemorativa das Campanhas do Norte de Angola. De regresso da campanha militar,
prosseguiu os estudos como autodidacta, sem nunca perder de vista o seu sonho:
tornar-se escritor.
No
Calor dos Trópicos é o seu primeiro romance histórico.
Opinião também publicada no blogue ...Viajar pela leitura...
2 comentários:
com a tua última frase... perdi o interesse.
Olá Ângelo,
Quem leu o Equador e depois lê esta obra é inevitável a comparação. Muitos pontos em comum, muitos pontos mesmo.
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