21/07/2012

A Arca de Victoria Hislop,

Opinião:

O novo romance de Victoria Hislop passa-se na Grécia na cidade de Tessalonica, é envolvente e emocionante,  fiquei de imediato absorvida na sua leitura sem vontade de o colocar de lado. 

A história começa com Dimitri e Katerina Komninos em 2007 e o seu neto Mitsos, que cresceu em Londres, mas que de momento está a estudar na terra natal do avós, encontram-se todos num café e observando as dificuldades que as pessoas mais idosas tem de enfrentar para andar na cidade, nas ruas, pergunta-lhes porque é não vão viver para Londres junto do filho, sendo mais fácil para eles, uma vez que o sitio onde vivem não é o mais indicado. Os avós dizem que nada os fará demover dali, vão ficar em Tessalonica até morrerem.

 - “Nem que nos dessem tantos diamantes quantas as gotas daquele oceano, não haveria nada que nos convencesse a ir embora...”

E vão para casa contar a  história da sua vida e o porque da sua decisão ao neto.
Somos então transportados para Tessalonica no ano de 1917, Dimitri conta que no dia em que nasceu deflagrou um incêndio que devastou a cidade, onde cristãos, judeus e muçulmanos viviam lado a lado.  Cinco anos mais tarde a Ásia Menor também é destruída pelo exército turco e Katerina no meio da confusão e da multidão perde-se da mãe,  embarca juntamente com outras pessoas para a Grécia e é ai que as suas vidas se cruzam.

Conhecemos a sua história e de tantas outras pessoas que viviam num bairro chamado - Irini Street, onde cristãos, judeus e muçulmanos conviviam diariamente uns com os outros, quer nas suas casas, quer no trabalho,  Dimitri e Katerina crescem juntos com outros amigos,  até à chegada da 1ª guerra mundial e a invasão da parte dos alemães que vem alterar tudo, quando decidem expulsar os judeus da cidade e levar todos de comboio para a Polónia. A cumplicidade e a amizade faz com que os amigos guardem rolos e manuscritos que faziam parte da história dos judeus, antes que os alemães apaguem essas memórias.

Vamos assistir a uma guerra civil, a luta entre o comunismo e o nacionalismo e é claro que a cidade nunca mais vai ser a mesma para os seus habitantes. Relembra-nos cenas de brutalidade e violência que aconteceram durante a ocupação alemã, as atrocidades cometidas durante as guerras mundiais.

Dimitri que estuda medicina, rebela-se contra o pai que é a favor da ditadura, um dos homens mais ricos da cidade. E luta contra as suas ideias sendo expulso de casa. Vive anos escondido a lutar ao lado dos amigos, exercendo funções de médico,  conseguindo voltar à cidade para ver a mãe, mas sempre escondido para não ser preso.

Entretanto Katerina torna-se a melhor costureira na cidade, requisitada pelas senhoras das famílias mais ricas, quando Dimitri é dado como morto pelo próprio pai, casa-se com um homem, para quem trabalha mas que não ama.

Autora consegue captar a nossa atenção com uma bela história de amor, com um vasto leque de personagens muito fortes que ao longo do livro vamos sentido empatia, mas também com uma história de sobrevivência  de coragem, de paixão, resistência,  probreza, as catástrofes naturais tais como  tremores de terra que assolaram este país, o seu povo realmente passou por tanta coisa. É isso que Dimitri e Katerina sentem que depois de terem passado por tantas dificuldades, nada os demove abandoná-lo. Mas...

“Há mais uma coisa, para além das memória, que guardamos para os nossos amigos. Eles também deixaram tesouros para trás. Ao canto da sala, coberta com um pano branco...estava uma arca de madeira...Esta é outra razão para termos ficado...estas coisas não nos pertencem... nós fomos meramente os guardiães.”

É um livro fascinante pelo tema que aborda, pelo passado histórico da Grécia, de uma nação e pela própria história da pessoas que lá viviam, aprendemos sempre algo com este género de livros, a importância das nossas raízes e da família. 

Mais um excelente livro desta autora que leio. Recomendo sem dúvida alguma. Muito bom.

 O livro da Editora aqui

2 comentários:

Unknown disse...

Gostei muito da opinião, vou querer ler este livrinho sem dúvida!

Katia Pascoa disse...

Já li A Ilha e adorei, este vou gostar de certeza também, gostei da opinião :)