A
Rapariga que Roubava Livros
de Markus
Zusak
Edição/reimpressão:
2008
Páginas:
460
Editor:
Editorial Presença
ISBN:
9789722339070
Coleção:
Grandes Narrativas
Manuel Cardoso
Qualquer
coisa era melhor do que ser judeu. E assim Liesel era feliz na Alemanha nazi.
Max, o judeu, é o perseguido, atormentado, sacrificado. O representante de um
povo martirizado. Mas este livro não é apenas mais um a denunciar o holocausto;
ele oferece-nos a perspetiva do povo alemão; ou melhor, dos pobres que Hitler
também fabricou na Alemanha; é o desmistificar de uma ideia feita que ainda tem
adeptos hoje em dia: de que Hitler enriqueceu a Alemanha. Nada de mais errado.
A Alemanha de Hitler não era a Alemanha da riqueza; era a da inveja e da
loucura que levou ao anti-semitismo e ao imperialismo absurdo.
O livro é
o elemento de união entre Liesel e o pai; é o cimento da amizade. Aos poucos,
os livros vão-se transformando no símbolo da resistência, da esperança, da
vida. Qualquer que seja o livro: um manual do coveiro, por exemplo. Ou até o
Mein Kampf cujas páginas Max vai pintado de branco e reescrevendo numa bela
mensagem de esperança.
Mein
Kampf parece ser o livro que acompanha o mal, a tristeza. Afinal há livros
maus. Mas para Max aquele era o melhor dos livros porque lhe havia salvado a
vida.
Max
reescreveu 13 páginas do mein kampf; pintou-as de branco e escreveu sobre a
amizade.
Rudy, o
jovem amigo de Liesel é, a meu ver, a personagem mais fascinante deste livro;
para ele, Jesse Owens é sempre o símbolo da liberdade. Simboliza a luta pela
liberadade; a resistência ativa. A força do bem.
Este
livro não é uma obra prima; o tema, mais do que explorado por escritores e
historiadores, acaba por fornecer um ambiente em que é fácil chegar ao coração
dos leitores. Por outro lado, embora o estilo e a linguagem seja de uma beleza
avassaladora, não prima pela originalidade. Por várias vezes, ao longo da
leitura, me fez recordar O Leitor, de Bernard Schlink, esse sim uma obra prima
da literatura do holocausto.
No
entanto, fica a originalidade de certas ideias: muitos alemães, a maioria,
foram mais vítimas que culpados. Eles escolheram Hitler. Mas mereciam morrer
por causa disso? Talvez o seu maior crime tenha sido um mero encolher de
ombros…
Ana Nunes
Alguns
livros tocam-nos profundamente, seja pelas suas personagens, seja pelos temas,
ou mesmo pela prosa. "A Rapariga que roubava livros" tocou-me pelo
primeiro motivo, fez-me chorar e ter esperança.
No
entanto tenho de confessar que a única razão porque este livro não entra para
os meus favoritos, se deve ao tema. É daquele tipo de histórias que garantem
imediata simpatia da parte do leitor (como escrever sobre crianças doentes).
Quem não ficaria sensibilizado com um livro passado na 2ª guerra mundial? A
menos que fosse sobre os 'maus da fita' era garantia certa de que o leitor iria
gostar do livro.
Isso, no
entanto, não tira o mérito ao livro.
O enredo
foca-se nos alemães de classe baixa. Não os nazistas férreos, os soldados, ou
mesmo os judeus, mas sim nos outros, os mais comuns e que raramente são
retratados em histórias do género. O povo. Por isso o livro consegue se
diferenciar.
O facto
de ser narrado pela Morte torna-o algo de ainda mais fantástico. E acreditem, a
Morte é um narrador e tanto, com deixas fabulosas, cínicas mas tocantes, cruas
e realistas.
O role de
personagens é, para mim, o ponto forte do livro. Temos várias e quase todas são
exploradas de forma única. Adorei quase todas e só tive pena que duas delas não
fossem mais caracterizadas, como sendo a mãe da Liesel e o filho do Hans, que
julgo teriam sido uma boa adição ao enredo.
As
personagens que mais me marcaram foram: A Morte, a Liesel, o Hans, o Rudy e o
Max.
A prosa é
muito bela, com laivos de poesia ocasionais. E, como já disse, a Morte enquanto
narradora ocasional é soberba. E apesar de sabermos desde o início como vai
terminar o livro, isso não nos impede de querer ler até ao fim. Neste caso é a
jornada que mantém o leitor agarrado, não o final.
Em
momentos este livro relembrou-me "O Leitor" e até
mesmo "O Rapaz dos Pijamas às Riscas" (que ainda não tive
oportunidade de ler mas cuja premissa conheço) e confesso que de todos "O Leitor" foi o
que mais me marcou, no entanto este "A Rapariga que Roubava Livros" é
também uma belíssima leitura.
Em suma,
foi um livro que gostei muito de ler (apesar de no início estar apenas ameno) e
que recomendo sem reservas. Uma história que toca o leitor, com belíssimos
excertos e um narrador inesquecível.
Ângelo
O enredo desta
história decorre durante na segunda guerra mundial, bem no epicentro das forças
opressoras, mais concretamente nos arredores de Munique, Alemanha. Logo nas
primeiras páginas somos "obrigados" a ficar agarrados ao livro,
quando Werner irmão de Liesel morre.
A narrativa é
sempre do ponto de vista da morte onde o autor lhe introduz características
muito peculiares e únicas que passam pela sua visão colorida à sua compaixão
pelas almas mais inocentes chegando mesmo a repudiar o seu trabalho e
concluindo com uma costela de preguiça.
Esta narradora irá
centrar a sua história na pequena Liesel Meminer que foi adoptada por Rosa e
Hans Hubermann. Rosa mulher de carácter duro contrasta com Hans que tudo fará
para ajudar a pequena Liesel. Neste seguimento iremos ver Liesel interagir com
os seus colegas ter um relacionamento especial com Rudy Steiner (o Jesse Owens
alemão), as suas aventuras para conseguir ter mais livros, o seu comportamento
súper assertivo para quem esconde em sua casa um judeu, Max Vandenburg, durante
o pior período da segunda guerra. Um livro que encerra em si um dos períodos
mais controversos da história bem como do ser humano.
Passaram diante
nossos olhos uma variedade de personagens em que pelo menos uma o leitor ficará
com o sentimento que foi mal explorada. O livro tem quebras na narrativa
descritiva para demonstrar situações momentâneas, o que torna a leitura mais
rápida e menos cansativa.
Um livro que apela
ao sentimento, a vivência dos Alemanha na sua própria guerra o seu sofrimento
os dez pontos percentuais da população que "abertamente" não gostavam
do Führer, a bondade humana aliada em muitos aspectos à inocência da idade
fazem com que este livro tenha uma aceitação generalizada pelos leitores.
Não sendo uma
obra-prima é um bom livro que nos faz pensar e questionar certos aspectos da
vida, o tema (holocausto) também não deve ser esquecido, relembrado de tempos a
tempos não fará mal nenhum, para que tal não volte a acontecer nunca mais.
De leitura fácil
penso que o autor sempre tentou escolher o caminho mais simples e directo para
o coração do leitor, mesmo nos momentos mais sombrios da narrativa.
3 comentários:
Tenho este livro há algum tempo para ler, mas para o ano não me escapa de certeza. Se não tivesse uma pilha infinita por ler, tinha feito o possível para ter lido com vocês.
fica então para o próximo ano se o reler será a 3ª vez ;)
Eu ando a le-lo e estou a adorar. Prendeu-me desde o primeiro momento. Concordo plenamente com Manuel Cardoso mas a opinião de Ana Nunes e muito mais semelhante a minha. Tambem as personagens me comovem. Estou a adorar!
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