26/12/2012

D. Pedro - O Rei - Imperador - O Império és tu de Javier Moro

Opinião:
Em 1808 D. Pedro I e a família real chegaram ao Brasil juntamente com a corte portuguesa. Sendo educado, mas, sem darem grande primazia aos estudos, à cultura e ao conhecimento, D. Pedro e seu irmão Miguel brincavam sem serem controlados, cresceram num ambiente descontraído. Muito novo mostrou logo uma personalidade forte, orgulhoso, muito activo, rebelde, gostava da liberdade.

Do Rei D. João VI de Portugal herdou a bondade, a sensibilidade, a inteligência discreta, e da mãe a Rainha D. Carlota herdou a paixão pelos cavalos, a independência, e o grande apetite sexual,  as mulheres foram a sua perdição e também salvação, das quais teve vários filhos ilegítimos. Demonstrou sempre dificuldade em cumprir o seu papel enquanto príncipe e tomar a decisões correctas. Mas foi a sua amante Domitila de Castro - Marquesa de Santos, a grande paixão da sua vida, que o arrastou para a decadência, e colocou em causa e em perigo o seu reinado.  Pois vivia tudo o que fazia com muita intensidade, desafiava tudo e todos.

Por outro lado demonstrou ser um pai extremoso e amoroso, mas fez sofrer muito a Imperatriz Leopoldina de Áustria a sua esposa, que ao contrário do marido era muito culta, e talentosa, além de música, cientista era também pintora, muito sensível, tolerante,  fazia constantemente caridade, o povo adorava,  vinha de uma família onde os estudos eram fundamentais, foi submissa, resignou-se ao facto do marido ter amantes em prole do trono.

Quando o Rei foi obrigado a regressar a Portugal, D. Pedro I teve que permanecer no Brasil onde lutou com as tropas portuguesas libertando o Brasil, conseguindo a sua independência, tornando-se imperador, conquistou amigos e inimigos na suas causas a favor do Brasil. Apesar ser um imperador liberal, contra a escravidão e preocupado verdadeiramente com o povo e em transformar o Brasil num grande país, foi incompreendido, mesmo tendo lutado contra seu próprio país de nascença, mais tarde foi obrigado a renunciar ao trono brasileiro em favor de seu filho, Dom Pedro II.

« O imperador soube abdicar melhor  do que soube reinar»

Foi para Portugal com a sua segunda esposa D. Amélia, onde mais uma vez mostrou ser um lutador, libertando os portugueses da opressão que estavam sujeitos por parte do seu irmão Miguel e dos seus seguidores miguelistas.  Onde a sua filha D. Maria II se tornou  então a Rainha de Portugal.
O autor não só descreveu as qualidades, mas também expôs os defeitos do personagem central D. Pedro I, e o facto é que deixou a sua marca na história dos dois continentes Brasil e mais tarde em Portugal.  
Muito bem escrito, o livro está cheio de  detalhes da Históricos,  as traições e o suposto assassinato por envenenamento, de Dom João VI suspeitando-se da Rainha. A  beleza exuberante dos trópicos, todo o ambiente, a época em que se vivia, foi cuidadosamente bem descrita, todo o livro é rico em pormenores.

Envolvente, com um enredo que nos agarra pela a história em si, mas também pelos personagens fortes, um livro com uma narrativa que não sendo de uma leitura compulsiva que se possa fazer rápida, deve sim ser feita lentamente e apreciada ao pormenor, que gostei bastante, recomendo aos apreciadores de romances históricos como eu.
Muito bom

Pode ver o livro aqui


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