Irma Voth de Miriam Toews

Opinião:

Tenho sempre muita curiosidade em ler e saber sobre as crenças e filosofias de vida de outras pessoas, por isso quando li a sinopse deste livro fiquei interessada claro.

Na primeira parte do livro a autora  conta-nos a história de uma jovem de 19 anos Irma que é uma pessoa  amável e agradável, mas pertence a uma família menonita. 

“Os menonitas são um grupo religioso protestante descendentes dos anabatistas do século 16, que teve origem na Suíça e na Holanda”, vivem em comunidade e tem as suas próprias regras, crenças religiosas. O seu lema é extraído da «censura da mundanidade», que é o livro bíblico de Tiago: “Quem quer que seja amigo da mundanidade é inimigo de Deus.”

Irma resolve casar-se  com um mexicano e ao fazê-lo a família abandona-a, ficando sozinha, numa casa sem luz, pois o próprio marido também a deixa alegando que ela não soube ser “boa mulher.” No fundo Irma é  abandonada por Deus, pelo seu pai um homem frio intolerante e pelo marido.

Assim vê-se sozinha  no desterro onde vivem, em  Chihuahua no deserto do México, desde que se mudaram à pressa do Canadá, algo no passado que se desconhece fez com que viessem morar isolados neste lugar. Segredos de família.

Até que chega um dia uma equipa de filmagem que vai mudar para sempre a sua vida. Ao pedirem-lhe que ela seja  tradutora da actriz principal,  pois ela fala inglês, espanhol e dialecto alemão, faz com que se abra os seus horizontes para o mundo  desconhecido para ela,  tanta coisa que não sabe, não leu, nem conhece. Um dia vendo que agressividade do pai perante a irmã Aggie de 13 anos que foge de casa, está a tornar-se cada vez pior, resolve fugir, vão  ambas às escondidas ver a mãe que tem nos braços outra menina recém- nascida, e lhes pede que a levem para longe do marido.

Vamos assistir à sua chegada na Cidade do México, onde várias aventuras e partes caricatas me fizeram rir, com estas duas miúdas incríveis e a sua irmã bebé, soltas, em liberdade. 

Irma e as irmãs vão assim à aventura sem terem nada, nem sitio onde morar, nem dinheiro,  mas com ajuda  de pessoas generosas que lhe arranjam um emprego, alojamento e alimentação, onde tem sempre alguém que tome conta da irmã bebê  Ximena, sendo assim possível  Aggie  frequentar uma escola, será um recomeço de vida para as três, o amor que têm dentro delas para darem transborda. Vão finalmente saber o que é viver. Irma Voth é irónica, engraçada e perspicaz. Só que sente uma necessidade enorme de se expiar, de obter o perdão pelos erros que pensa que cometeu, sentimentos de culpa perseguem-na, precisa de se perdoar a ela própria para se sentir bem.

Gostei imenso, da escrita da autora que é fluída, das personagens que são tão cativantes que é impossível não se gostar delas, das cenas emocionantes e algumas cheias de humor, tudo isto fez com que lesse em dois dias esta história fabulosa. Um livro muito bom, recomendo sem dúvida.