A Conspiração dos Fidalgos
de Alexandre Rocha
Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 320
Editor: Ésquilo
ISBN: 9789899739697
Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 320
Editor: Ésquilo
ISBN: 9789899739697
Um livro notoriamente
dividido em duas partes bem distintas, na primeira parte o autor, Alexandre
Rocha explora a vivência de Miguel Herculano (personagem principal) num engenho
de açúcar, os engenhos poderíamos associa-los a pequenas vilas de vida autómato.
Assistimos ao crescimento do menino Miguel, filho do dono de um engenho que vai
desfrutando daquilo que a vida lhe oferece, a sua curiosidade levam-no a
descobrir e explorar os costumes dos habitantes da senzala mantendo contactos
com a cultura dos escravos do engenho da Nossa Senhora da Conceição, esta
atitude terá consequências que se manifestaram ao longo de todo o romance.
Uma segunda parte passada
maioritariamente no reino, Lisboa, onde Miguel o herói da história, se
envolverá na conspiração dos fidalgos de uma forma muito “inocente”, que dá o
nome ao livro. Aqui a trama atinge picos assinaláveis, bem estruturada, bem
delineada e com um toque de policial pelas entrelinhas, uma parte que adorei
ler. Acompanhar Miguel nas suas aventuras é muito interessante, a sua amizade
com Bocage e outras personagens estão bem conseguidas.
Um livro bem escrito de
uma leitura fluída e agradável, A primeira parte foi a que menos me cativou,
talvez pela sensação de repetição de ideias que em mim gerou.
A segunda parte muito mais
elabora, a nível contextual, com um grau mais complexo na componente histórica.
No início, Alexandre
Rocha, explora o moral uma constante luta entre o científico e a crença no
espírito de Miguel que se pretende transpor para o leitor, deixando este
decidir qual a melhor opção para si.
Uma componente crítica
muito forte está presente, na segunda parte do livro, ao sistema judicial
implementado na época e que pouco se modificou através dos tempos decorridos,
uma crítica à nossa posição cultural? quiçá...
A multiplicidade de
histórias que se passam no reino e a sua ligação com o passado de Miguel, são
muito bem conseguidas.
Personagem bem elaboradas
e contextualizadas.
É um livro onde a vida do
Miguel dava isso mesmo... um livro, repleto de desgostos e tragédias mas sempre
com aquele sabor que essa sorte um dia mudaria e Miguel teria o que todos nós
desejamos: a sorte, o amor, a felicidade... é um constante agridoce este
romance. Uma estreia muito boa deste jovem autor.
Um final muito
interessante que vale a pena reler.
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Uma saudação especial ao
autor Alexandre Rocha que se disponibilizou para debater o livro em conjunto
como o “Clube Leitura Bertrand de Braga”, foi um debate enriquecedor para ambas
as partes, e nós os leitores ficamos a saber pormenores do livro que poucos
sabem. O Alexandre é que teve que suportar todos os nossos comentários (alguns
menos bons) ao seu “bebé”, ser “pai” é assim.
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