18/04/2013

A Frágil Doçura do Bolo de Limão, de Aimee Bender



Opinião:
Após ler algumas páginas, este livro fez me recordar um outro que gostei muito, “A Mulher do Viajante no Tempo” de Audrey Niffenegger. Gosto de livros com histórias estranhas, diferentes e “A Frágil Doçura do Bolo de Limão” é sem dúvida um deles.

Esta narrativa anda à volta de Rose Edlestein, uma menina normal, de Joseph seu irmão mais velho considerado sobredotado, sem vida social, que tem um único amigo George, e os pais de ambos. A mãe é mulher frágil emocionalmente instável, um pouco abstraída do que se passa à sua volta, chega a ser estranha, o pai é um advogado ocupado que vive para o trabalho, muito distraído, tem fobia de hospitais e ninguém sabe porque.

Quando Rose faz nove anos a sua vida muda para sempre, descobre ao provar o bolo de limão que a mãe fez, que tem um dom, dom esse que em vez de saborear cada ingrediente (a farinha, o açúcar, os ovos, etc) a faz sim perceber que tipo de sentimentos, e emoções a pessoa estava a sentir no momento que estava confeccionar o bolo, neste caso a mãe. Rose fica assustada com o que acaba de descobrir, será mesmo um dom ou será uma maldição?
Começa a ter medo da comida, mesmo fora de casa, pois nunca sabe o que vai descobrir ao saborear, podem ser sentimentos bons ou maus, pois depende do estado de espírito da pessoa na altura em que elabora os alimentos, ela descobre as emoções mais profundas de outras pessoas e segredos ao comer esses mesmos alimentos, algo surreal.
Prefere comer coisas que sejam feitas em fábricas, que não passem por mãos humanas, passa a evitar alimentos confeccionados. 

O amigo de Joseph, George, uma personagem normal  o único que realmente ouve Rose, e a entende, o único a quem ela pode recorrer para pedir ajuda ao longo dos anos. Pois, com os outros, mesmo com o irmão, ela aprende a manter os seus sentimentos guardados, uma forma que arranja de sobreviver e não descarrilar nos mistérios e segredos da sua própria família, todos carregam consigo uma dor oculta, angústias, mas ninguém fala sobre isso, fecham-se na sua concha, Rose testemunha o caos em torno de sua família.
A acrescentar a tudo isto ainda temos a estranha história do seu irmão, o seu misterioso hábito de desaparecer.

Pode parecer estranho, e é de facto, mas a autora com seu estilo de escrita muito própria, torna esta narrativa fluída, conseguiu captar-me a  atenção de uma maneira que me prendeu ao livro, vamos lendo sem dar por isso, desliza-se neste enredo. Embora houvesse momentos tristes, é uma excelente história, com elementos "mágicos", é refrescante, queria muito saber como seria o final do livro, como terminava, e o desvendar de onde vem o dom, será de família? Será que mais alguém carregou consigo esse ou outro dom? Terão de descobrir lendo.
Em suma trata-se de um livro sobre como as pessoas se amam e agem de forma diferente das outras, que nos leva a um pouco de reflexão e introspecção. Uma leitura especial sem dúvida.
Gostei muito, recomendo.


2 comentários:

Paula disse...

Olá Odete, este livro quando saiu chamou-me a atenção pela sua capa e pela sinopse :)
Escusado será dizer que o teu comentário deixou-me ainda mais curiossa :P

Anónimo disse...

Talvez nao tenha lido com atenção, apesar de ter lido este livro de forma viciada, mas não entendi a capacidade do irmão...
Podia dar-me uma ideia? ;)

Ana.